Fez há uns dias um ano que dei esta entrevista. É sempre bom recordar.
Andebol e Arbitragem
100 000 visitas. Para um espaço que se prende apenas com o estudo e a análise das regras e leis de Andebol, é muito significativo. Muito obrigado! E como sempre digo... este espaço é de todos, para todos.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
ATÉ SEMPRE, QUINTANA
Perdemos hoje um atleta e um homem de eleição, e a prova está na onda de solidariedade tão consensual que se levantou em seu torno.
Não são precisas mais palavras além das que fomos lendo, não só por estes dias, mas desde que chegou a Portugal. Do meu lado, que apenas com ele partilhei o terreno de jogo umas dezenas de vezes, mas que vibrei com cada defesa que fazia com a camisola da nossa Seleção, resta-me, apenas, agradecer tudo aquilo que veio oferecer ao Desporto Português e a forma como enriqueceu a vida de todos aqueles que de perto conviveram com ele.
Estamos todos muito, mas muito mais pobres hoje.
Envio as minhas sentidas condolências a todos os seus companheiros de Seleção e do Futebol Clube do Porto, e muito em especial à sua família e amigos próximos.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
O PESO DO CARTÃO AMARELO
Chegou ao fim mais um mundial de andebol, e com ele a possibilidade de vermos excelentes espetáculos de andebol e excelentes arbitragens também.
Houve algo que, para qualquer especialista de
arbitragem, pode ter sobressaído nas atuações dos árbitros, inclusivament
e
porque mereceu comentários aquando dos jogos: a menor utilização do cartão
amarelo.
Quem tem acompanhado a evolução do andebol mundial e
as suas tendências, não pode deixar de reparar que se dão cada vez menos
advertências (o nome técnico do cartão amarelo), e mais rapidamente se passa à
“fase da exclusão”. Isso tem causas e consequências, como qualquer outro passo
que se dê, e também como qualquer outro caminho, tem os seus apoiantes e
detratores.
Há os que julgam que o cartão amarelo é peça
absolutamente fundamental na condução de um jogo e que não se deve abdicar
dele. É o aviso público, a advertência, o mostrar a toda a gente que o árbitro
está atento, é o querer sempre que o atleta infrator tenha um aviso para não se
exceder. A questão é que não raras vezes esse atleta excede-se cedo e a
primeira sanção disciplinar, quando é um simples cartão amarelo, é curta. O
cartão amarelo não doi. O atleta fica dentro do campo, a equipa que sofre a
falta ou que não cometeu a conduta antidesportiva não tira partido disso, e
como o prazo de validade do cartão amarelo não se estende pelo jogo todo, o
infrator lucra.
Parte-se assim para a amostragem do cartão amarelo
só quando estritamente adequado e possível. Adequado porque tem de ser uma
pequena falta, possível porque nem sempre se deve interromper o decurso do jogo
para este tipo de ação, porque não traz real vantagem para a outra equipa.
Isto obriga a toda uma mudança na própria técnica de
arbitragem. Na minha experiência, sempre procurei usar os cartões amarelos como
munições de um revólver. Eram poucas, tinha de as gastar adequadamente para não
passar logo para uma arma mais pesada. Procurava mostrar os cartões amarelos
permitidos por lei a cada equipa, se tal fosse possível. Não sendo possível,
tudo bem na mesma, mas ainda há bem pouco tempo era estranho se uma dupla de
arbitragem acabasse os seus jogos consistentemente com uma ou duas advertências
por equipa. Dizia-se que era sinal de “má condução de jogo”, sem que fosse necessariamente
assim.
Agora já não surpreende ninguém que haja jogos sem
advertências, ou com uma ou duas apenas. É um processo natural e evolutivo, que
todos precisamos acompanhar. Todos temos de nos adaptar: jogadores,
treinadores, dirigentes, árbitros, observadores, público e qualquer outro
amante da modalidade.
Como nota de rodapé, recordo-me perfeitamente de um
jogo em que a minha primeira sanção foi mostrar um cartão vermelho aos vinte
segundos de jogo. Murro na cara, cartão vermelho, para mim é e sempre foi
simples. Muita gente perguntou se não era melhor começar por uma sanção “mais
levezinha”… Não, a sanção necessária surge no decurso da ação efetuada, seja
ela qual for.
Voltando ao cartão amarelo, não me surpreenderia
nada se ele desaparecesse em poucos anos. Com o reduzir da sua importância no
jogo e com o pouco impacto que tem, passa a tornar-se algo “a mais”. Mas ainda
não é assim, e isso exige que todos nos adequemos ao momento em que estamos.
*Texto publicado também no Magazine ACL
terça-feira, 13 de outubro de 2020
FIM DE FUNÇÕES
terça-feira, 1 de setembro de 2020
UM APELO
Hoje deixo um apelo muito, mas mesmo muito sério.
Como é claro para todos, a pandemia gerada devido à Covid-19 veio para ficar durante uns tempos. Todos estamos a ver as nossas realidades a ser alteradas e os nossos hábitos virados ao contrário nestes tempos difíceis. É importante que nos saibamos adaptar a estes novos tempos, enquanto não podemos recuperar a vida tal como a conhecemos e sempre a vivemos.
Devemos procurar retomar os nossos hábitos gradualmente, com a maior das cautelas e sempre muito bem protegidos. Só ao cuidarmos de nós mesmos vamos conseguir proteger todos e cada um dos que nos rodeiam no dia a dia e, por consequência, toda a sociedade.
Confesso que me perturba largamente ver a irresponsabilidade em muitas pessoas. Por favor, não façam parte daquele conjunto de pessoas que não se preocupa minimamente com regras e precauções, que acha que isto é um vírus inventado ou um problema menor. Choca-me ver as superfícies comerciais a rebentar de gente, muitas claramente em passeio. Choca-me ver festejos de qualquer espécie, sejam desportivos ou sociais. Choca-me ver os agrupamentos de jovens que se juntam às dezenas e centenas para conviver, estar juntos e beber uns copos.
Ninguém nos pediu que morramos para o mundo. O que nos é pedido enquanto elementos de uma sociedade que se diz inteligente e evoluída é que saibamos respeitar o próximo e que consigamos abrir a exceção que é o único caminho para a vitória nesta guerra contra um amigo invisível, mas que mata. E não mata só os outros.
Percebo que muita gente tem dificuldade em aceitar que os problemas podem vir de algo que não se vê, mas sobre o qual se tem vindo a conhecer cada vez mais coisas. Pois eu digo que o que me preocupa neste vírus não é o que se sabe, mas o que ainda está por descobrir. Consequências, debilidades, todo um conjunto de fatores sobre os quais ainda não sabemos nada.
Este apelo é ainda mais sentido quando se avizinha o regresso total das competições, não sabemos ainda quando. Sabermos proteger a nossa própria saúde não vai só ajudar a proteger a do nosso familiar e a do nosso vizinho, mas também a do nosso colega de equipa. Quantos menos riscos cada um de nós correr, menos riscos vai correr cada um dos nossos colegas de equipa. Quanto mais protegidos e alertas estivermos cada um de nós, mais protegidos e alertas vão forçosamente estar cada um dos nossos colegas de equipa. É nestas alturas difíceis que se deve elevar o espírito de grupo e a noção de que numa equipa, num grupo, o todo vale mais que a soma das partes.
Quando todas as pessoas de todas as equipas se mentalizarem que neste jogo todos temos de vencer o mesmo adversário, todos poderemos voltar a fazer aquilo que tanto gostamos, que é voltar sem restrições para dentro de um campo de andebol.
Tudo o que disse em cima se aplica ao regresso às aulas. Não duvido da ansiedade natural que muitos poderão sentir por poder rever alguns amigos ao fim de tanto tempo. Mas por favor resistam à tentação de cair em excessos e facilitismos. Vivam a vida, mas com os pés bem assentes no chão.
Protejam-se. Estamos todos no mesmo barco.
* Texto partilhado com o Magazine ACL.
sábado, 30 de maio de 2020
PRESSÃO EXTRA
* Este mês, partilhei este texto igualmente no Magazine ACL.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
A DECISÃO DA FINAL DO MUNDIAL FEMININO
- A jogadora espanhola tem de estar a 3 metros?
Não.No vídeo ouve-se o comentador a falar dessa hipótese, mas isso é uma asneira. Só há dois tipos de lançamentos em que os defesas não têm de estar a pelo menos 3 metros do executante:- lançamentos de reposição, quando não é possível o defesa estar a menos de 3 metros, se estiver junto da sua área de baliza (ex.: lançamento de reposição no canto do terreno de jogo, com o defesa encostado à área de baliza);- lançamentos de baliza.Um excerto da regra 12:2 diz que:
12:2É permitido aos jogadores da equipa adversária estarem imediatamente fora da linha de área de baliza (...).Como é fácil de ver, esta questão da distância dos 3 metros não pode afetar a decisão da equipa de arbitragem. - A jogadora espanhola está com os pés fora da área de baliza?
Sim.O posicionamento dos pés dessa jogadora é perfeitamente legal. Como está explícito no excerto da regra que coloquei em cima, os jogadores defensores podem estar imediatamente fora da linha de área de baliza, o que é o caso. É possível observar nas imagens que, no momento do salto, o posicionamento da atleta é perfeitamente legal.
Logo, esta questão também não é relevante para esta análise. - Qual é o posicionamento dos braços da jogadora espanhola?
Esta sim, é para mim a grande questão.
A imagem a seguir (em especial o quadro da direita) mostra o momento.
Na minha opinião, os braços estão no "espaço aéreo" da área de baliza, o que quer dizer que a bola não cruzou ainda a linha de área de baliza "para dentro do campo".Diz um excerto mais alargado da regra 12:2 que:12:2Considera-se que o lançamento de baliza foi executado quando a bola, lançada pelo guarda-redes, ultrapassou completamente a linha da área de baliza.É permitido aos jogadores da equipa adversária estarem imediatamente fora da linha de área de baliza, mas não lhes é permitido tocar a bola até que esta tenha ultrapassado completamente a linha de área de baliza (Regras 15:4, 15:9 e 8:7c).
Há aqui uma infração à regra 12:2, no que respeita ao impedimento da execução do lançamento de baliza devido ao posicionamento dos braços. - As árbitras estavam bem posicionadas?
- É desqualificação e livre de 7 metros porquê?Só consigo entender que esta situação tenha sido analisada de acordo com a regra 8:10 c), que diz o seguinte:8.10Se os árbitros classificam a conduta antidesportiva como extremamente grave, um castigo é concedido de acordo com as seguintes normas.Nos casos que envolverem as seguintes infrações mencionadas nas subsequentes alíneas a) e b), servindo como meros exemplos, os árbitros devem elaborar um relatório escrito após o término do jogo, para permitir aos organismos competentes tomarem as medidas adequadas:(...)Nos casos que envolverem as seguintes infrações mencionadas nas subsequentes alíneas c) e d), um livre de 7 metros é concedido à equipa adversária:c) Se, durante os últimos 30 (trinta) segundos de jogo, a bola não está em jogo e um jogador ou oficial de equipa impede ou atrasa a execução de um lançamento livre a favor do adversário, com o objetivo de impedir que eles sejam capazes de efetuar um remate à baliza ou obter uma clara ocasião de golo, o jogador/oficial infrator é desqualificado e é atribuído um livre de 7 metros à equipa adversária. Este caso aplica-se a qualquer tipo de interferência (por exemplo: através de subtil contacto físico, interferir na execução de um lançamento como intercetar um passe, interferir na receção da bola ou não a largar).
Ou seja, ao impedir a execução do lançamento, a jogadora espanhola está a impedir a execução de um lançamento que poderia criar uma clara oportunidade de golo. Assim, só poderá haver desqualificação e livre de 7 metros.
sábado, 6 de abril de 2019
ARBITRAR vs. GERIR
domingo, 16 de setembro de 2018
BALANÇO SOBRE AS NOVAS REGRAS
- Jogador lesionado (procedimento a seguir e regra dos três ataques)
- Cartão azul (informação pública de relatório escrito)
- Jogo passivo (contagem dos passes)
- Guarda redes (fim da obrigatoriedade de guarda redes em campo)
- Últimos 30 segundos (desqualificação e livre de 7 metros)
NOTA: Artigo partilhado com o Magazine ACL.