terça-feira, 25 de abril de 2017

SANÇÕES A OFICIAIS - Cumulatividade e Regressividade

Estas são daquelas questões que, por mais anos que passem, parece que nunca ficam esclarecidas. E por mais vezes que voltemos a isto, vai sempre haver alguém com dúvidas, dos mais novos aos mais velhos, árbitros ou não.

E as questões são:
  1. Como acumulam as sanções aos Oficiais?
  2. É possível regredir nas sanções aos Oficiais?
Então, vamos por partes, nem que seja preciso regressar ao essencial da regra.

-- x --

1.
É possível mostrar 3 tipos de sanções aos Oficiais de uma equipa:
  • Advertência
  • Exclusão
  • Desqualificação
O conceito de "sanção progressiva" neste caso não é aplicado ao nível pessoal, mas sim aos elementos do banco como um todo (jogadores suplentes fora desta questão). Logo, após uma advertência ser mostrada, mais nenhum Oficial de equipa pode ser advertido. Não é opcional. Só pode haver um cartão amarelo ao conjunto de todos os elementos do banco de uma equipa. 
O mesmo aplica-se à exclusão, que vem a seguir na ordem de progressividade. 
E depois aplica-se a desqualificação, com o máximo de desqualificações a elementos do banco de uma equipa correspondente ao número de elementos que lá estão.
Por isso, como sumário, temos:
  • Advertências a Oficiais: máximo 1 por equipa
  • Exclusões a Oficiais: máximo 1 por equipa
  • Desqualificações a Oficiais: sem limite
-- x --

2.
E depois de se dar uma sanção "mais forte", pode voltar-se atrás? SIM, PODE!
Esta é uma questão à qual ainda menos pessoas sabem dar resposta.
Trocando tudo por miúdos:
  • Após uma exclusão, é possível mostrar um cartão amarelo, desde que não seja ao elemento que foi excluído;
  • Após uma desqualificação, é possível mostrar um cartão amarelo e uma exclusão, desde que não sejam ao mesmo elemento que foi desqualificado (obviamente).
No que toca à regressividade, entende-se que os Oficiais funcionam da mesma forma que acontece com os jogadores. Se o jogador nº 5 for excluído, posso depois advertir o jogador nº 2, por exemplo. Aqui é igual. Se o Oficial A for excluído, posso mais tarde advertir o Oficial C.

Optei por deixar o texto da regra de fora deste post. Se se proporcionar, faço novo post incluindo o que está escrito no livro de regras.
Para já, importa-me apenas procurar deixar clara uma questão que normalmente não o é.

domingo, 2 de abril de 2017

ONDE ESTÁ O RESPEITO?

Mais uma agressão a um árbitro.

Não sei quanto tempo mais vai ser preciso até as autoridades competentes tomarem medidas sérias no combate a este clima de terror sobre as arbitragens.
É verdade que é no futebol que se dão os casos mais graves, mas o ambiente alastra-se com facilidade às outras modalidades.

Ainda vivo com a esperança de que, um dia, os principais agentes desportivos percebam que os árbitros são pessoas com vida própria, com família, quase todos com atividade profissional ou estudantil, e que fazem muito esforço para levar a cabo com sucesso uma tarefa cada vez mais difícil.

A falta de respeito pela atividade dos árbitros é cada vez mais gritante. Não há tolerância para o erro. É cada vez mais fácil criticar, julgar e ofender. E esse é um cancro crescente nos recintos desportivos: a gratuitidade do insulto, da ofensa, da ameaça. É fácil ofender um árbitro e a sua família, é prática comum recorrer-se à ameaça física como forma de coação. E nos últimos tempos, já não é só a ameaça física e passa-se à prática com facilidade.

Quem é que eu culpo?
Aqueles que acicatam ódios e que pensam que a melhor forma de um adepto defender o seu clube é odiar o outro seu rival. Mas o Desporto é isso? O Desporto como eu o vejo não. O Desporto como eu o vejo é uma competição sadia para ser melhor que o outro, não uma forma de denegrir o outro para lhe passar por cima. O Desporto como eu o vejo joga-se dentro do respetivo recinto desportivo, não fora. 
E o papel da comunicação social aqui não é de esquecer. Na luta pelas audiências, não vale tudo. Programas televisivos que só servem os interesses de alguns clubes e ignoram por completo os outros todos não são positivos. Programas em que alguns comentadores fanáticos levam ao extremo as suas formas de pensar não são positivos. Programas em que se passam repetições dos lances duvidosos cem vezes por programa e em que as decisões dos árbitros são discutidas até à exaustão não são positivos. Programas em que se julga a seriedade de pessoas com análises frame a frame não são positivos. Longe vai o tempo em que o Domingo Desportivo era um programa útil em que se falava de Desporto e nada mais...

Gostava que os árbitros tivessem mais tempo de antena. Não para se defenderem de nada, mas para explicar a Arbitragem aos olhos das pessoas. Claro que o mais cego dos adeptos nunca vai entender nada. Esse só vê as suas cores e nunca tira as palas. Mas acredito que muita gente iria conseguir compreender melhor "o lado de cá".

Os árbitros erram?
Sim, bastante. Mas não mais que os treinadores, os jogadores e os dirigentes. Os árbitros são homens e mulheres com dignidade, que lutam por uma carreira e por uma atividade, que tudo fazem para que o jogo decorra dentro do maior espírito de paz e justiça entre todos.

Há árbitros maus?
Sim, muito maus. Mas não mais do que qualquer outra atividade. E é por isso que um engenheiro, um advogado, um padeiro ou um empregado de mesa são insultados e agredidos? Caramba, não. Erros ou incompetência não são motivo para se agredir quem quer que seja.

Vergonha para quem nos acusa assim.

Honra seja feita àqueles que nos compreendem e, mesmo que não concordem com as nossas decisões, as aceitam com respeito e fair-play.

RESPEITO NÃO TEM PREÇO!