quinta-feira, 30 de outubro de 2008

ESCALÕES DIFERENTES, CRITÉRIOS IGUAIS?

Num dos comentários abordou-se a problemática de uma dupla aplicar critérios diferentes em jogos diferentes.
Isso é sempre difícil de ajuizar porque há muitas condicionantes que podem influenciar o jogo e a forma de actuar não só dos jogadores como dos próprios árbitros. Mas sem dúvida que há coisas que têm de permanecer constantes seja qual for o jogo e o escalão em causa.


Há uma coisa que é preciso não esquecer: o livro de regras é o mesmo para todos os escalões, para ambos os sexos. Há coisas que não podem ser mudadas. Continuam a não ser permitidos mais que 3 passos, não atacar a baliza continua a ser passivo, puxar o braço por trás é sempre cartão vermelho. Mas entendo que em casos muito particulares se pode "abrir" um pouco o critério, principalmente por uma questão de se ajudar equipas e jogadores pouco desenvolvidos técnica e tacticamente a desenvolver as suas capacidades. Isso obviamente exclui o escalão senior, porque já não é um escalão de formação, e é algo que não se pode fazer em todos os jogos porque há imensas condicionantes, como referi há pouco. Dou 2 exemplos:


1- Num determinado jogo, uma equipa não só é muito inferior à outra, como tem carências graves ao nível da técnica básica necessária ao jogador de andebol. Numa ou noutra situação, não vejo problema em deixar passar uma situação duvidosa de passos ou dar mais 10 ou 15 segundos de ataque a essa equipa para organizar o seu ataque. Num resultado de dezenas de golos de diferença, não me parece ser de todo mau "alargar" a abrangência da regra.


2- Num outro jogo, podendo até inclusivamente ser do escalão infantil, poderá ser necessário dirigir o jogo tal e qual um jogo de seniores, sem "alargar" critérios, mas sendo rígidos e ao mesmo tempo pedagógicos, se as equipas e até o resultado assim o exigirem.



Nestes casos, é perfeitamente possível uma dupla ter critérios diferentes em dois jogos diferentes. Desde que nunca se altere a verdade desportiva, a minha opinião é que não é incorrecto que ajamos assim, mas bem sei que muita gente não concorda comigo.
Sei que muita gente diz que nós, árbitros, devemos sempre arbitrar pelo livro, sem excepções. Há árbitros que partilham dessa opinião. Eu, pessoalmente, penso que é nestes casos que se dá o toque pessoal de uma arbitragem a um jogo. Não quero ser mal entendido, porque não quero dizer que os árbitros devem centrar atenções. Quero apenas dizer que é nestas coisas que se pode "humanizar" a direcção de um jogo, compreendendo os intervenientes e entrando no espírito do desafio.

Penso que não se deve arbitrar um jogo do regional de infantis com o mesmo espírito de um jogo da competição de topo nacional a nível senior. Nos infantis temos a função de educar. É esse o meu pensamento, apesar de também aqui ter colegas que discordam profundamente de mim. É de todo importante que um árbitro experiente ajude um jogador jovem em formação, nem que para isso tenha de aplicar as regras de um modo diferente, sem nunca adulterar o básico, essencial, que elas ditam.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

NOVAS TECNOLOGIAS

Como disse no início, este espaço é dedicado ao andebol, mas outras modalidades podem ter aqui o seu cantinho.
O que me leva a escrever hoje diz respeito ao Desporto em geral.

Em conversa com amigos, acerca da introdução das novas tecnologias no desporto, constatei que a maioria deles se revela a favor. Eu fui o mais intenso adepto contra essa possibilidade, talvez por ser o único com experiência de arbitragem.
Entre os argumentos deles estavam "a verdade desportiva", a possibilidade "de corrigir erros", etc., mas nenhum deles pensou no quanto isso iria dificultar a tarefa do árbitro. Se o recurso ao vídeo fosse possível, em vez de protegidos, os árbitros tornar-se-iam um alvo muito mais frágil. E digo isto porque qualquer decisão que o árbitro tome ao ver o vídeo pode ser entendido de muitas formas pela equipa que perde a decisão.

Peguemos no seguinte exemplo: o penalty que o Hulk sofre contra o Leixões. Após ver dezenas de repetições, o meu grupo de amigos divide-se nos que dizem que "nunca na vida aquilo foi penalty", nos que dizem "que é escândaloso" e eu, que digo que não me parece mas aceito a decisão.
Imaginemos que o José Mota pede ao árbitro para ver o vídeo durante o jogo. Qualquer decisão que o árbitro tome aí pode ser interpretada de várias formas, dependendo de quem perde a disputa da decisão. Do "Muito bem, Sr. Árbitro" ao "o gajo viu e não marcou porque não quis" a distância é muito curta...

A única coisa de que sou totalmente a favor é a introdução de chips na bola, para se detectarem melhor as bolas que realmente entram...

O erro faz parte do Desporto. Dos atletas aos árbitros, quem mais sucesso tem é quem melhor trabalha a superação do erro.

E agora o meu lado adepto a falar... Qual é a graça de nos roubarem as discussões à 2ª feira?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

JOGO PASSIVO, QUANDO "VAI ABAIXO"?

Recebi um sms de um amigo a perguntar se uma equipa que está na iminência de jogo passivo sofrer uma falta, se o passivo acaba.

Claro que não. O passivo só acaba em situações muito específicas, e se a lei do passivo é subjectiva, e o conceito e aplicação variam de árbitro para árbitro, os factos que podem fazer com que o braço levantado a sinalizar jogo passivo "vá abaixo" são muito claros:


  1. Remate ao poste / trave da equipa atacante;

  2. Remate para defesa do guarda-redes, com a bola a voltar para a posse da equipa atacante;

  3. Sanção disciplinar à equipa defensora.

Por "sanção disciplinar" inclui-se o cartão amarelo. Não deixa de ser uma sanção. E friso isto porque muita gente não o entende assim.
Quando ocorre uma destas situações, então a equipa tem direito a organizar novo ataque, com mais tempo.


Nunca, em situação alguma, um time-out pedido pelo banco da equipa atacante (óbvio, só em posse de bola se pode pedir time-out) pode ser considerado motivo para baixar o braço. Há quem pense assim, de forma completamente errada.
Quando houver um time-out quando os árbitros estão de braço levantado, estes devem ter a preocupação de comunicar entre si para não se esquecerem de o levantar de novo instantes antes do jogo ser reiniciado. Treinadores com mais experiência pedem tempos de equipa nestas circunstâncias para ganhar mais uns segundos de ataque, mas os árbitros têm de pensar que o ataque tem de ser reiniciado nas mesmas condições em que foi interrompido.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

QUESTÕES ACESSÓRIAS

Vou contar uma pequena história que aconteceu já há alguns anos, e é exemplificativa do que vou dizer a seguir.

Quando cheguei ao pavilhão, cerca de 45min antes da hora marcada, os jogadores preparavam-se para ir aquecer. A equipa visitante entregou os CIPAS e a lista de participantes logo de seguida, mas da equipa da casa nem sinal. O jogo estava marcado para as 21h30 e às 21h25 surge um dirigente a entregar os cartões. Dissemos que não tinha cabimento isso acontecer apenas 5min antes da hora marcada para o início do jogo. Ele não sabia que tinha de ser mais cedo. Perguntámos pela Polícia. Ele não sabia que era preciso. Perguntámos se havia responsável pela segurança na vez da Polícia. Ele não sabia o que era isso. Perguntámos quem era o Director de Campo. Ele desconhecia a função. Perguntámos por alguém que estivesse mais informado do que ele, mas estavam todos "numa festa", mas disse que assumiria todas as funções. Dissemos-lhe que não podia. Saiu do balneário e apareceu com 4 ou 5 capas de arquivo, dizendo: "Ajudem-me lá a procurar a folha da segurança, que eu não sei como isso é." Sem mais comentários...

O que quero dizer com isto?
Antes de mais, estou à vontade para falar deste caso porque os dirigentes deste clube já abandonaram a modalidade, por isso não corro o risco de melindrar absolutamente ninguém.
Claro que este é um caso extremo que, felizmente, é bastante improvável que me volte a acontecer (a mim ou a qualquer outro árbitro!). Como dizia, a ilacção a tirar deste caso é que tem de haver formação e competência em qualquer função desportiva. Ainda há quem pense que para se acompanhar uma equipa não é necessário qualquer tipo de formação ou trabalho prévio, ou que basta algum conhecimento da modalidade para se fazer um acompanhamento capaz. Eu penso que, cada vez mais, é imperioso reciclarmos conhecimentos e competências, para que não estejamos limitados a fazer "serviços mínimos" e possamos primar pela excelência.
Em plena "era digital", não há desculpas para que ainda surjam listas de participantes com erros graves de escrita nos nomes dos atletas, rasuras em quase todos os nomes, riscos e tudo o mais. Com isto não quero dizer que me incomodam as coisas feitas à mão! Longe disso! Mas nada custa fazer as coisas da maneira que se quiser, mas bem...
A imagem que passamos é muito importante! Se eu chegar a um jogo todo sujo e de calças rotas (um exemplo!) vou obviamente ser alvo de muitas críticas. Justificadíssimas! É apenas um exemplo de que TODOS temos de ter algumas preocupações, e que o jogo começa muito antes do primeiro apito do árbitro.

Não somos profissionais, mas podemos todos ter um comportamento profissional. E o Andebol agradece...

domingo, 19 de outubro de 2008

SANÇÕES A OFICIAIS 2



Chegou-me o seguinte mail, que transcrevo:

"Olá Capela!
No passado fim de semana no jogo dos miúdos o treinador da equipa adversária foi sancionado com 2 minutos e de seguida com cartão vermelho. Nesta situação a equipa em causa ficou com menos 1 jogador durante 2 minutos. Não deveria ter ficado sem 2 jogadores uma vez que o treinador foi sancionado com 2 minutos o posteriormente cartão vermelho? Agradeço a tua explicação. Com os melhores cumprimentos."

A MINHA RESPOSTA

"Olá! Nesse caso, o árbitro agiu bem. Com o jogo parado, as sanções aos oficiais não são cumulativas, ou seja, 2min+vermelho = 2min de penalização. Apenas haveria lugar a mais 2min se o jogo tivesse recomeçado entretanto. Dou-te o exemplo, com os acontecimentos a ocorrerem nesta ordem:
1 - Aos 10min o treinador leva 2min.
2 - Sai um jogador.
3 - O jogo recomeça e aos 10m10s o treinador insulta o árbitro e é desqualificado.
4 - Sai outro jogador.
5 - Um jogador entra aos 12min.
6 - Outro jogador entra aos 12m10s.
Neste caso, a equipa fica com menos 2 elementos em campo apenas entre os 10m10s e os 12m! Chamo a atenção para o facto de os jogadores que saem para cumprir o tempo da sanção ao treinador poderem entrar em jogo desde que saia outro jogador, numa substituição normal. Eles não foram culpados de nada, a equipa é que tem de estar em inferioridade numérica...
Um abraço."

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

PEDIR OU NÃO DESCULPA?

Hoje não vou falar acerca de uma situação em particular, nem esclarecer dúvidas de regras.
Vou transcrever a seguinte passagem do jornal "Record", na sua versão online: “Aquele amarelo foi uma pena. O árbitro mostrou-me cartão por jogo incorrecto numa falta a meio-campo... Perguntei-lhe, olhos nos olhos, se era justo e ele disse-me que podia ter falhado no julgamento do lance. Mas não há volta a dar e não jogo em Portugal. Já não vou ao país do Quaresma.” Estas palavras são de Zlatan Ibrahimovic, como se sabe a estrela da selecção Sueca de futebol.
E por que razão transcrevo estas palavras? Porque é raro assistirmos a uma demonstração tão grande de fair-play, respeito e aceitação, quer do árbitro do jogo, quer de um jogador admoestado. Infelizmente, são poucas pessoas as capazes de aceitar que um árbitro pode errar num julgamento de um lance. Sem querer desculpabilizar a classe à qual pertenço, porque somos árbitros porque queremos, sabemos ao que estamos sujeitos e quais são as nossas obrigações, mas estamos sempre sob a mira de toda a gente.


Como em todas as actividades do mundo, há os bons e os maus, os competentes e os incompetentes, mas o que me interessa para este exemplo, é que há os humildes e outros que nem por isso. O que não quer dizer que não sejam muitas vezes melhores árbitros que os outros.
A minha forma de estar em campo, assim como a do meu colega, é a de que somos "apenas mais um" componente do jogo, e não temos problemas nenhuns em dizer a alguns atletas ou treinadores "Desculpa lá, posso ter-me enganado" ou "Esta foi a minha visão do lance, pode ser errada". Há pessoas que aceitam e outras que acham insultuoso pedirmos desculpa. Houve um caso de um jogador a quem disse "Pá, desculpa lá, mas eu analisei o lance desta forma, não quer dizer que esteja 100% correcto!" me dizer "É preciso ter lata para me pedir desculpa.". Poderei ter errado? É possível, não sei... Vamos supôr que sim. Mas é mais grave eu ter errado ao assinalar mal uma falta atacante ou os 5 ou 6 remates que esse jogador falhou quase seguidos nos minutos seguintes?
Não quero com isto dizer outra coisa, que não seja a tentativa de transmitir a mensagem de que somos todos passíveis de errar, mas nem somos todos capazes de pedir e aceitar um pedido de desculpas.


Não resisto a contar outra história. Não vou referir nomes para não ser mal interpretado. No ano passado, num jogo da 1ª divisão (PO01), faltavam poucos minutos e existe um contra-ataque de uma equipa. Há uma situação duvidosa junto à linha dos 6m e eu assinalei livre de 9m. Pelas reacções, até do meu colega, apercebi-me que deveria ter assinalado 7m. O jogo prosseguiu e naqueles segundos posteriores revi o lance mentalmente vezes sem conta e apercebi-me que tinha errado. Logo a seguir um jogador lesiona-se e aproveitei a paragem para ir falar com o atleta e explicar-lhe a minha visão do lance, e até para lhe dizer que tinha errado. Ele mal me deixou falar e apenas disse "Não se preocupe, que eu falhei mais vezes do que o senhor ao longo do jogo. Errar é humano e eu aceito isso com normalidade." Agradeci-lhe aquela forma de estar no Desporto. Ainda mais me marca esta história, sabendo que o atleta ainda não tinha 21 anos, mas já tem uma maturidade fantástica.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

BOLA OFICIAL / REGULAMENTAR


Boa tarde, leio o seu blog e gostaria que explicasse se possivel, ou abrisse um tópico no seu blog sobre o "tema" bola oficial.

1 - que orientações têm os arbitros para a partir do dia 01 de novembro proceder quanto à bola oficial ?
2 - na presença de 2 bolas "oficiais" sem condições para jogar não se realizará o jogo ?
3 - Bola oficial macron ? ou bola oficial macron comprada à FAP ?
esta pergunta coloquei-a porque ouvi que a bola ofical tem que ter uma "marcação" da FAP verdade ou não ?

Cumprimentos




Boa tarde.
O assunto das bolas é algo que me ultrapassa por uma razão muito simples. São questões administrativas. A minha opinião é a de todos os árbitros: a melhor bola deve jogar para permitir o aumento da qualidade do espectáculo. Contudo, uma vez que existem imposições, nenhum árbitro as deve furar. Contratos são contratos, e as leis são para se cumprir. A FAP anunciou a obrigatoriedade de ser usada a bola Macron. Os clubes devem providenciar bolas em bom estado, e parte-se do princípio que isso irá acontecer. Sei que a maior parte dos clubes se queixa de ter de fazer um investimento em bolas, mas nesse assunto não toco porque não é a minha área, nem tão pouco me compete fazê-lo. Como disse, o que os árbitros deverão ter em atenção é o cumprimento da norma que foi publicada. O que sei sobre a "marcação" das bolas é o que leio em foruns ou em blogues, e isso não faz lei. Para mim, bola oficial é a Macron...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

GUARDA - REDES (contacto com o pé)

Enviaram-me a seguinte questão via hi5 (é a primeira que me põem dúvidas por lá) :) :

"Olá! Vi que és arbitro.. Será que me podes tirar uma dúvida, que tenho desde a época passada numa determinada situação de jogo?
É o seguinte.. eu sou guarda-redes! E imagina a seguinte situação, eu defendo uma bola e ela vai em direcção à linha dos 6 metros, perto da linha de fundo..eu nao conseguindo chegar à bola, lanço-me de 'carrinho' e com o pé mando a bola pela linha de fundo.. é falta minha? Pergunto isto porque me aconteceu imensas vezes e nunca me foi assinalada falta, até que num jogo o ano passado o árbitro me marcou falta. No final fui falar com ele e disse que era falta e deu-me uma rápida explicação.. no entanto nao fiquei muito convencido porque em diversas situações idênticas nunca me tinha sido assinalado falta.. se possivel desfaz-me esta dúvida.
obrigado!!"

A MINHA RESPOSTA:

"Então cá vai. Não podes fazer isso, por uma razão muito simples. Só podes tocar com o pé em acto de defesa, e isso já não é considerado "acto de defesa". Além disso, basta transcrever-te a seguinte regra do livro:
5:10 - Ao guarda-redes não é permitido tocar a bola com o pé ou a perna abaixo do joelho, quando esta está parada no solo na área de baliza ou movendo-se em direcção à área de jogo.
Como vês, é falta tua..."


O que muitas vezes acontece é os árbitros facilitarem quando a bola não se dirige a um atacante e o guarda-redes a pára com o pé. É algo sem influência no jogo.
Mas é ilegal tocar a bola com o pé se esta fôr a rolar para fora da área. Aí, deve assinalar-se livre de 9m.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

EXECUÇÃO DE LIVRE APÓS APITO

Este fim-de-semana colocaram-me a seguinte questão: o que fazer quando ocorre uma substituição após soar o apito final e há um lançamento livre para executar?

Antes de mais, convém dizer que se deve avisar as equipas das restrições às substituições caso se detecte que alguma esteja para acontecer. Os árbitros não têm a obrigação de o fazer, como é óbvio, mas, se possível, nada custa informar uma equipa ou um atleta que está prestes a cometer uma infracção. É quase como a polícia... por que motivo terá de haver a caça à multa se em muitas situações é preferível ser pedagógico e evitar que o mal aconteça primeiro para só depois actuar?

O que a lei diz, é que o único jogador a poder ser substituído nestas ocasiões é o executante. Por outras palavras, na equipa defensora não pode haver em nenhum caso substituições. Na equipa atacante, apenas se pode fazer uma substituição para que o jogador que entra vá executar o lançamento. Nem em boa lógica outra coisa seria expectável...
As infracções devem ser punidas com exclusão ao jogador que entra.

Neste caso particular, o que me foi dito é que os árbitros decidiram bem, apesar de ter havido quem discordasse na altura.

É aqui que a objectividade e a subjectividade de algumas leis são realidades opostas. Esta é uma regra objectiva, é assim que tem de se agir. Avisar antes ou não depende da personalidade e forma de estar de cada árbitro, é algo subjectivo. Depois de o erro acontecer é preciso ser objectivo e agir conforme manda a lei.

Como sempre, o que publico aqui, especialmente quando não falo directamente de regras, são apenas opiniões minhas, partilhadas por uns, nem tanto por outros.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SANÇÕES A OFICIAIS



Recebi um comentário numa mensagem anterior, que transcrevo agora, porque o assunto era outro:

"Os meus cumprimentos ao criador do site e seus visitantes. Vou intervir (Se o Sr. Capela deixar...) neste "blog", periodicamente, colocando algumas questões, claro está, sobre arbitragem para "animar a blogosfera". Honestamente, penso que este "blog" podia ter melhor apresentação. Espero, no entanto, que o seu conteúdo se apresente superior... Eis a minha primeira dúvida:

1.
- O oficial C da equipa A, aos 18.35m da segunda parte é excluído por protestos.
- Aos 19.58m o jogador 18 da equipa A, lesiona-se gravemente no pé, entrando imediatamente o Oficial C (enfermeiro/massagista/médico) da respectiva equipa, sem autorização da respectiva equipa de arbitragem.

Questões:
- O Oficial C ao entrar antes do término da sua exclusão (faltam 37s), deve ser desqualificado?
- O Oficial C por ter entrado sem a respectiva autorização deve ser desqualificado?
- O oficial A deve ser desqualificado (isto porque o oficial C já foi admoestado com 2m...) do encontro, pela situação ocorrida no banco da sua equipa?
- Ou por uma questão de "Boa vontade" para com a lesão do jogador, ninguém deve ser advertido?"

Saca

A MINHA RESPOSTA:

Boa noite.
Como disse, este é o meu primeiro blogue, logo, é possível que venha a sofrer melhoramentos à medida que se for justificando. Agradeço os comentários, positivos e negativos, da mesma forma que agradeço todas as suas intervenções. É com questões específicas que se podem esclarecer bastantes dúvidas e discutir, como também já tive oportunidade de dizer, pontos de vista.

Em relação à questão que me coloca, começo por dizer que não me parece que o Oficial A tenha de ser penalizado pela acção intempestiva do Oficial C, qualquer que seja a sua função no jogo. Uma coisa é entrar em campo, por exemplo, um elemento não inscrito, outra é um elemento inscrito ter esta atitude.Se nos formos a reger única e exclusivamente pelas regras, penso que o Oficial C deve ser desqualificado. São os árbitros que decidem a entrada dos oficiais no terreno de jogo, e estes não podem tomar a iniciativa de entrar.
Se isso ocorrer até antes de o árbitro parar o tempo, a desqualificação é inquestionável.
Se a entrada for após a paragem do tempo de jogo, penso que os árbitros terão duas opções possíveis. Ou seguem as regras e desqualificam o Oficial C, ou usam de algum bom senso, talvez excessivo, (não "boa vontade", não se adequa aqui o termo...) e permitem a assistência ao jogador, dando depois um aviso ao Oficial C para que não o repita. Mas isto apenas porque se trata de uma lesão grave.
Esta é a parte subjectiva da arbitragem, não das regras, que essas são claras. No meu entender, o controlo de um jogo não se faz única e exclusivamente através de sanções, mas também de palavras. Talvez este seja um caso em que os árbitros poderão ser condescendentes.