Há muito tempo que estava para fazer este post.
Não vai ser um post muito longo, porque nele expressarei apenas as minhas próprias conclusões acerca do que disse e ouvi, quer dos oradores quer das pessoas que lá se deslocaram.
Antes de mais, foi muito bom ver uma sala composta não só de árbitros jovens e menos jovens, mas também de pessoas de outros quadrantes que não da arbitragem. Gostaríamos que fosse possível organizar, no futuro, uma ação de grandeza ainda maior, mas por outro lado sabemos que as pessoas não aderem facilmente ao tema "arbitragem".
Não vou dizer "quem disse o quê" nesta sessão, mas apenas referir algumas notas que tomei ao longo de todas as intervenções e que, de alguma forma, representam as conclusões que se podem tirar.
Ficou claro que o árbitro funciona como elemento mediador de um jogo e que cria a sua própria imagem.
Onde há jogo/desporto/competição, haverá sempre contestação. E é aqui que o árbitro terá de ter a coragem de assumir as decisões que cada momento exige.
Ao fazê-lo corretamente, estará a dar uma boa imagem de si próprio, uma boa imagem da arbitragem, e isso poderá contribuir significativamente para motivar jovens árbitros a experimentar uma carreira na arbitragem.
A questão da motivação nos árbitros jovens é muitíssimo importante.
Numa sociedade repleta de distrações e atividades, a escolha por uma carreira na arbitragem é de grande risco e de grande sacrifício, pessoal e familiar. Ninguém imagina como é difícil para nós e para os que nos são mais próximos ter de abdicar sucessivamente de momentos importantes para a nossa vida pessoal. Só mesmo agindo com paixão por esta atividade se consegue superar as adversidades que nos vão aparecendo de todos os quadrantes. O gosto pela modalidade que se arbitra é o requisito nº1 para se ter sucesso. Não basta "querer", não basta "ter jeito"... é preciso ter verdadeiro prazer no que se faz.
Não é fácil captar árbitros. Os núcleos regionais, de cada modalidade, têm de trabalhar para cativar os mais jovens. À exceção do futebol, mais ninguém pode oferecer grandes proventos financeiros, pelo que o chamariz tem de ser outro.
É preciso apostar nas vivências que a arbitragem proporciona e preparar os jovens para as dificuldades que irão inevitavelmente surgir, para quando tal acontecer não provocarem a fuga de ninguém. O reconhecimento negativo do nosso trabalho é um fator que faz com que o número de árbitros seja efetivamente reduzido após os primeiros jogos. Ainda que a comunicação social só surja mais tarde, para os que atingem o topo, o público e todos os outros intervenientes no espetáculo tendem a encarar o árbitro como o alvo e como o responsável por resultados menos conseguidos.
É por isso que uma boa iniciação faz toda a diferença. Sem boa formação não há árbitros de qualidade.
A qualidade dos formadores é um aspeto crítico, pois eles podem transmitir experiências e compreender os problemas dos formandos com conhecimento de causa.
Mais se falou acerca de técnicas de arbitragem. Isso até poderá ser tema de outro post, mas não deste que se refere ao futuro da arbitragem e à forma como se pode/deve lidar com os jovens.
Para terminar, quero deixar apenas umas palavras, já que esta ação foi inserida no GarciCup.
- Quero agradecer ao meu colega de arbitragem Bruno Rodrigues, pela ideia desta ação. Muita gente pode não valorizar o trabalho que se faz em Aveiro e o nosso em particular, mas deixem-me perder a modéstia... poucas duplas fazem tanto pelo Andebol, pela Arbitragem e pela Formação como as duplas Bruno Rodrigues / Carlos Capela e Ramiro Silva / Mário Coutinho, o nosso grande amigo João Teles, e em tempos o Hilário Matos também. Isso não passa para fora, e quando passa nem sempre é valorizado por quem o deveria fazer. Mas parte do que temos em Portugal, a nós se deve.
- Quero deixar um pedido de desculpas público ao Hilário Matos e ao Carlos Arrojado, pela minha pouca intervenção no GarciCup, ao contrário do que estava previsto. Acontece que a minha vida pessoal sofreu vários imprevistos nos últimos tempos e fui obrigado a abdicar de muitas coisas.
Amigos, fico a dever-vos uma! (Hilário, manda-me as fotos!)
- Quero manifestar o meu orgulho por poder partilhar a mesa de oradores com pessoas ilustres do Desporto. Manuel da Conceição, Paulo Costa, Arlindo Silva, José Coelho e Eduardo Coelho: espero ter estado ao vosso nível!
- Obrigado a todos os árbitros de Aveiro. Estive pouco envolvido na organização da arbitragem deste torneio, mas penso que conseguimos dirigir os jogos todos só com duplas formadas cá. Obrigado aos mais novos, aos mais velhos e aos do meio... :)
- Obrigado à organização do GarciCup. Contem connosco para o ano, que nós contamos com vocês!