quinta-feira, 31 de maio de 2012

3 TIME-OUTs POR EQUIPA?

Pediram-me, há alguns dias, um comentário sobre a permissão de 3 paragens de tempo por equipa.

Não sou a favor dos 3 time-outs por equipa, até porque isso contraria os princípios que a IHF andava a seguir em cada revisão de regras, orientações e precisões, na tendência de tornar o jogo mais espetacular e mais atrativo. Isso esteve na base, por exemplo, da recomendação para não parar o tempo de jogo aquando da marcação de livres de 7m.
Mais paragens vão tornar os jogos mais lentos e demorados, cortando beleza e espetáculo.
O valor do treino semanal efetuado pelas equipas também poderá ser minimizado, uma vez que os atletas poderão sofrer mais as intervenções do seu treinador durante os jogos. Ganha vantagem aqui quem tiver treinadores com mais visão de jogo.
Acho que os 2 tempos de equipa são mais que suficientes, pois uma boa equipa, quando vai para o campo, tem de saber o que fazer e quando fazer, tem de estar suficientemente treinada para saber reagir no momento certo. É isso que distingue as boas equipas das outras.


Se não estou a cometer um lapso, as equipas podem solicitar um máximo de duas paragens de tempo de jogo em cada parte, exceto nos últimos 5 minutos de jogo, em que só podem pedir uma paragem no máximo.
A tendência será, muito possivelmente, a de os treinadores solicitarem uma paragem pouco antes dos 25m da 2ª parte, para poderem usufruir de "mais tempo" com os seus atletas. Pelo menos, é uma teoria...

Vejamos uma possibilidade:
Se cada técnico pedir um time-out entre os 24m e os 25m da 2ª parte, e ambos voltarem a fazer o mesmo entre os 25m e os 26m, em 2 minutos de jogo "corrido", o jogo pode estar parado durante 4 minutos!
Para os técnicos e atletas pode ser bom, mas não sou ninguém para opinar sobre isso (se algum técnico ou atleta que ler este blogue quiser opinar, poderá e deverá fazê-lo, até para eu saber qual a visão de quem está a orientar uma equipa ou a jogar).
Para os árbitros acaba por ser indiferente.
Para o público e o espetáculo, acho francamente mau.

Mas esta é só uma visão das coisas...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

QUESTÕES 07 - DECISÕES DISCIPLINARES DIFERENTES - resposta

No último post perguntei o que acontece no caso (raro, mas possível) de os árbitros tomarem simultaneamente decisões disciplinares diferentes, mais concretamente uma advertência e uma exclusão simultânea.

A resposta é simples: aplica-se a mais grave. Neste caso, a exclusão.

A regra é textual sobre o assunto:

17:6 Se ambos os árbitros apitam para uma infracção e concordam sobre qual equipa deverá ser penalizada, mas têm opiniões diferentes sobre a gravidade da sanção, então será aplicada a sanção mais grave.

A paragem do tempo de jogo acaba por ser obrigatória, uma vez que, para excluir um atleta, é necessário fazer time-out. Mas claro que mandar parar o tempo seria sempre aconselhável, pois esta situação irá sempre gerar alguma confusão.


Perguntei, também, se o caso seria diferente se em vez do cartão amarelo fosse mostrado o vermelho, juntamente com a exclusão.
Obviamente nada se altera, pois continua a aplicar-se a sanção mais grave. Neste caso, desqualificação.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

QUESTÕES 07 - DECISÕES DISCIPLINARES DIFERENTES

Ainda na questão das divergências dos árbitros, deixo a última questão sobre o assunto.

Imaginemos que num determinado lance (um qualquer, não interessa minimamente especificar...), enquanto um árbitro está a exibir um cartão amarelo, o outro simultaneamente está a excluir o atleta em causa.

Pergunto:
  1. Como agir e que decisão tomar?
  2. Se em vez de ser advertência/exclusão fosse exclusão/desqualificação, o que mudaria em termos de base da decisão?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

QUESTÕES 06 - DECISÕES TÉCNICAS DIFERENTES - 2 - resposta

No último post perguntei que decisão deve ser tomada na situação em que os árbitros tomam decisões simultâneas que favorecem equipas diferentes.

É uma situação altamente indesejável e que o treino, a experiência e as rotinas ajudam a minimizar o risco de tal efetivamente suceder, mas que pode acontecer. A situação típica é o árbitro central apitar passos ou falta atacante, no momento em que o árbitro de baliza apita para livre de 7m.

Se tal acontecer, a decisão a tomar é interromper o tempo de jogo, reunir (brevemente) com o colega e tomar uma decisão conjunta. Se ambos se mostrarem irredutíveis nas suas posições, prevalece a opinião do árbitro central. Veja-se a regra:

17:7 Se ambos os árbitros apitam para uma infracção, ou a bola saiu do terreno de jogo, e os dois árbitros mostram opiniões diferentes sobre qual equipa deveria ter posse de bola, então aplica-se a decisão conjunta que os árbitros alcançam depois da consulta entre si. Se não conseguem alcançar uma decisão comum, então prevalecerá a opinião do árbitro central.
É obrigatória uma paragem de tempo. Durante a consulta entre os árbitros, eles farão o gesto de forma clara e, depois do sinal de apito, o jogo é reiniciado.


Já ouvi coisas como "prevalece a opinião do árbitro que vem primeiro na convocatória". Isso não só não faz sentido, como também seria uma decisão completamente desenquadrada do contexto do jogo.
O que se pretende com esta brevíssima reunião, ou consulta mútua, ou como lhe quiserem chamar, é chegar a um consenso sobre qual dos dois teria a melhor visão do lance.
Em casos de duplas experientes e rotinadas, por vezes um olhar ou um gesto entre ambos é suficiente para se chegar a este consenso, sendo que a paragem de tempo de jogo continua a ser uma opção sensata a tomar.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

QUESTÕES 06 - DECISÕES TÉCNICAS DIFERENTES - 2

Ainda no capítulo das divergências de opinião por parte dos árbitros...

Vamos supor que o árbitro de baliza assinala livre de 7m e o árbitro central apita, simultaneamente, para falta atacante.
Claro que nenhuma das três equipas gosta desta situação... Mas como descalçar a bota?

Pergunto:
  1. Que decisão se deve tomar?
  2. Como proceder?

terça-feira, 15 de maio de 2012

QUESTÕES 05 - DECISÕES TÉCNICAS DIFERENTES - resposta

No post anterior, deixei uma situação no ar sobre decisões técnicas distintas, que favoreçam a mesma equipa. No caso, um árbitro assinala livre de 7m e outro livre de 9m.

A resposta acaba por ser simples de dar, e a própria regra é esclarecedora.
Deve ser assinalado livre de 7m, porque é a sanção mais grave.

A regra diz que:

17:6 Se ambos os árbitros apitam para uma infracção e concordam sobre qual equipa deverá ser penalizada, mas têm opiniões diferentes sobre a gravidade da sanção, então será aplicada a sanção mais grave.

A regra não menciona o melhor posicionamento de um ou outro árbitro mas, em condições normais, acaba por ser o árbitro de baliza o melhor posicionado nos casos de dúvida sobre livres de 7m.

Já agora, porque se adequa esta menção neste post, por curiosidade e porque via facebook se falou da "autoridade" dos árbitros, deixo aqui a referência a esta regra:

17:1 Cada jogo será dirigido por dois árbitros com igual autoridade. Eles são assistidos por um cronometrista e um secretário.

Ambos têm igual autoridade. As decisões do árbitro central prevalecem em algumas situações de que falarei brevemente, mas ao nível da "autoridade", estão em pé de igualdade.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

QUESTÕES 05 - DECISÕES TÉCNICAS DIFERENTES

Esta é uma situação que ocorre com alguma (indesejável) frequência.

Algum de nós, árbitros, nunca passou pela situação de estar como árbitro central e assinalar livre de 9m, e ver o colega, no mesmo instante, a assinalar livre de 7m? E quantas vezes estamos a árbitro de baliza a assinalar livre de 7m, e vemos o colega a soltar o apito para livre de 9m?
São situações que a maior parte das vezes passam despercebidas, porque o apito prolongado do árbitro que assinala livre de 7m abafa o outro apito, mais curto, mas o certo é que existem duas tomadas de decisão diferentes.

Pergunto:
  1. O que assinalar neste caso, em que há divergência na decisão técnica?
  2. Por que motivo se toma essa decisão?

terça-feira, 8 de maio de 2012

LIMITES DO TERRENO DE JOGO

Este post está ligado aos últimos dois que publiquei, com a análise a uma situação de jogo que descrevo:

O GR lança contra-ataque para um jogador que corre junto à linha, contorna um defesa passando por fora da linha lateral e volta a entrar, controlando então a bola.
A decisão a tomar é, resumidamente (sem as justificações que publiquei no post anterior), ordenar um lançamento livre a favor da equipa que não tinha posse de bola.

Ora, este lançamento deve ser efetuado com o executante a ter ambos os pés dentro do campo. Contudo, é perfeitamente normal que os árbitros fechem os olhos se a bola é reposta em jogo através de "lançamento lateral", porque a esmagadora maioria não dos jogadores, mas de todos os agentes do andebol, pensa que essa é a forma correta de o fazer nestes casos. Uma vez que não tem interferência no desenrolar do jogo nem cria vantagem para qualquer equipa, permite-se uma reposição assim.
Faltou acrescentar que a reposição é feita perto do local onde o jogador saiu das quatro linhas.

Entretanto, foram-me colocadas duas questões via facebook, que transcrevo:

1) "Vamos supor que há contra-ataque a bola é lançada para os pontas que vão isolados, mas o ponta escorrega e sai do campo e volta a entrar sem ter por perto nenhum adversário e pega na bola, decisão?"

Neste caso, uma vez que não há intenção nem vantagem ao sair do terreno de jogo, este deve prosseguir.
O caso mudaria de figura se houvesse um adversário a querer chegar à bola e a não conseguir devido ao movimento do atacante ser "de fora para dentro". Aí, o correto seria assinalar lançamento livre.
Também é essencial, para que o jogo possa prosseguir, que "a saída e a entrada" do atacante sejam feitas pelo mesmo local, e não 3 ou 4 metros à frente, por forma a não criar vantagem.
Este caso pode ser comparado em certa medida com entradas e saídas da área de baliza.

A outra questão foi:

2) "Outra mas esta mais comum nos "grandes" pontas, muitos pontas antes de receber a bola na corrida estão fora de campo para ganhar velocidade mas quando recebe a bola está dentro do campo, decisão?"

Lance ilegal. Deve-se interromper imediatamente e assinalar lançamento livre.
Como medida preventiva, deve-se avisar o jogador assim que se deteta que este está fora do terreno de jogo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

QUESTÕES 04 - LIMITES DO TERRENO DE JOGO - resposta

No seguimento da questão aqui colocada há 2 dias, deixo hoje o post com a resposta.

Uma vez que o jogador que acaba por recolher a bola contorna o adversário passando por fora do campo, o lance não pode ser validado. As linhas do campo não só delimitam a zona onde a bola pode estar, mas também os jogadores. Estes não podem passar por fora das quatro linhas para ganhar vantagem, da mesma forma que, por exemplo, um ponta não pode ganhar vantagem ao começar o movimento de remate se "ganhar lance" começando a correr fora do campo e acabar por receber a bola quando já está dentro.

Neste caso, deve ser assinalado um LANÇAMENTO LIVRE e não um LANÇAMENTO LATERAL para a equipa que não tem a posse de bola, como é óbvio.

Vamos olhar para o livro de regras, para justificar o que aqui escrevo.

Regra 7
Manejo da Bola
Não é permitido:
7:10 Se um jogador em posse de bola move-se apoiando um ou ambos os pés fora do terreno de jogo (mesmo que a bola esteja dentro do terreno de jogo), por exemplo para tornear um jogador da equipa que defende, isto implica um lançamento livre para a equipa adversária (13:1a).

A regra 13:1a) confirma o que aqui está escrito.

Regra 13 - O Lançamento Livre
Decisão de Lançamento Livre
13:1 Em princípio, os árbitros interrompem o jogo e o reiniciam com um lançamento livre a favor dos adversários quando:
a) A equipa em posse da bola comete uma infracção às regras que conduz a uma perda da sua posse (ver Regras (...) 7:10, (...)).

Estas duas regras mostram que deve ser assinalado um lançamento lateral. Mas vamos também confirmar que não se deve assinalar lançamento de reposição pela linha lateral. Uma boa análise às regras ilustra-o:

Regra 11 – Lançamento de Reposição em Jogo
11:1 Um lançamento de reposição em jogo é ordenado quando a bola cruzou completamente a linha lateral,  ou quando um jogador de campo da equipa que defende foi a último a tocar a bola antes de esta cruzar a sua própria linha saída de baliza.
(...)

A regra 11:1 diz que o lançamento lateral é assinalado quando a bola cruza a linha lateral. Na situação que descrevi, isso não acontece.