domingo, 29 de agosto de 2010

NOVAS REGRAS 2010

Decorreu hoje a primeira sessão de trabalho na nova época, e com ela o primeiro contacto com as novas regras.
Não penso que sejam causadoras de uma revolução extrema no jogo em si, mas com certeza há algumas coisas que vão mudar. E não mudam só para uma classe, mudam para treinadores, jogadores e árbitros.
Como tudo na vida, cada novo input obriga a uma fase de adaptação. E o José Costa, do Benfica, disse-o muito bem hoje no flash interview à RTP, após o jogo com o Skjern. E também disse outra coisa importante... É que, se já em condições normais é muito difícil aos árbitros manter sempre o mesmo critério quer de jogo para jogo quer ao longo do mesmo jogo, nestas condições é ainda mais difícil mantê-lo.
E vão haver oscilações. Sim, dentro do mesmo jogo também.
O que se espera da nossa parte é que reduzamos ao mínimo o tempo de adaptação a estas novas precisões, algumas das quais já eram aplicadas como orientações, estando agora classificadas como regra.
O que se espera dos treinadores é que eles próprios se vão adaptando em conjunto connosco, e que transmitam as precisões aos seus atletas, preparando-os para tal.
O que se espera dos jogadores é que não esperem pelos seus treinadores e se procurem inteirar das regras e dos novos procedimentos da arbitragem, para evitar surpresas nos jogos, ao mesmo tempo que se adaptam, também em campo, à necessária afinação na sua forma de actuar.
Estamos todos juntos no barco... É bom que todos ponhamos os nossos orgulhos de "eu é que sei" de lado e cheguemos à conclusão que vamos todos aprender uns com os outros. Mas isto digo desde sempre, e não só para esta ocasião em particular...
Quanto às situações de alteração/precisão, existem algumas, mas destaco:
  • Contacto com o adversário
  • Jogo de pivot (BLOQUEIOS)
  • Zona interdita a oficiais
  • Definição de critérios para punição de faltas
  • Saída do GR

Vou abordar estes temas nos próximos posts.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ENTREVISTA (4 de 4)

Já conheço as novas regras, mas de forma alguma me devo antecipar à FAP nesta discussão. Pretendo analisá-las aqui no blogue depois da reciclagem.
Enquanto tal não acontece, e aproveitando também este período de férias/pré-época, deixo aqui cópia de uma entrevista que eu e o Bruno demos à APAOMA, também publicada no site da Associação. O texto é quase 100% do que lá está, faço umas ligeiríssimas alterações, que poderão complementar o texto que lá está, mas serão muito, mesmo muito pontuais.
Deixo um agradecimento especial à APAOMA, e ao Alfredo Teixeira em particular.
Não deixo esta entrevista ao acaso. Não pretendo fugir ao tema "arbitragem", de forma alguma, estou apenas a revelar outra perspectiva diferente da análise às regras e às situações de jogo.
ORIGINAL EM: http://www.apaoma.pt/
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14 – Qual o capítulo do jogo que lhe oferece mais dificuldade e como procura ultrapassá-lo?
A sanção progressiva e as lutas aos 6m, sem dúvida.
É muito difícil manter um critério 100% uniforme a nível disciplinar no mesmo jogo e de jogo para jogo. É muito fácil falhar num lance e com isso estragar o que de bom possa ter sido feito para trás.
As lutas aos 6m são algo que deriva da evolução do próprio Andebol. É extremamente difícil ajuizar contactos naquela zona do terreno, pois é ali que se decidem muitos jogos. Consequentemente, é a zona de maior probabilidade de ocorrência de problemas.

15 – O que faz ou tem feito no âmbito do desenvolvimento da Arbitragem Nacional?
Temos colaborado em várias acções de formação promovidas por alguns clubes, para sensibilização de pais, atletas e dirigentes, em especial na nossa Associação.
Durante vários anos estivemos à frente da arbitragem regional, juntamente com outros companheiros que muito nos ajudaram. Nesse contexto, a colaboração do João Teles e do Hilário Matos merecem o nosso agradecimento público por se destacarem como elementos de importância vital no nosso trabalho. O Ramiro Silva e o Mário Coutinho, assim como o Carlos Malpique, foram outros elementos de imenso valor que trabalharam connosco.
Tenho ainda o meu blogue (http://carloscapela.blogspot.com), um espaço aberto à participação de todos, onde procuro colmatar uma lacuna que existia no espaço andebolístico Português, e promover uma discussão correcta e ordeira acerca da arbitragem e das regras, e onde tenho tido uma participação muito significativa das pessoas, com uma média de cerca de 40 visitas por dia, o que considero muito positivo para o tipo de espaço que é.
Sempre que o tempo nos permite, dirigimos jogos a nível regional com árbitros mais jovens, para lhes transmitir alguma da nossa experiência, mas a sobrecarga de jogos a nível nacional nem sempre permite que isso aconteça.

16 – O que gostaria de dizer ou sugerir para a melhoria da Arbitragem Nacional?
É preciso trabalhar muito, mas ao mesmo tempo é necessário dotar os árbitros de melhores condições para a prática da arbitragem. Depois sim, poder-se-á exigir mais aos árbitros.
Todavia, é obrigatório que todos pensemos que o primeiro passo tem de partir de nós mesmos, através do trabalho jogo a jogo, diálogo com a dupla, análise das próprias actuações, observação de jogos dos colegas e muito trabalho de vídeo.
Todos os jogos (TODOS!) nos permitem concluir algo de importante, nos permitem aprender um pouco mais.
Temos de trabalhar mais em conjunto e não isoladamente.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ENTREVISTA (3 de 4)

Já conheço as novas regras, mas de forma alguma me devo antecipar à FAP nesta discussão. Pretendo analisá-las aqui no blogue depois da reciclagem.
Enquanto tal não acontece, e aproveitando também este período de férias/pré-época, deixo aqui cópia de uma entrevista que eu e o Bruno demos à APAOMA, também publicada no site da Associação. O texto é quase 100% do que lá está, faço umas ligeiríssimas alterações, que poderão complementar o texto que lá está, mas serão muito, mesmo muito pontuais.
Deixo um agradecimento especial à APAOMA, e ao Alfredo Teixeira em particular.
Não deixo esta entrevista ao acaso. Não pretendo fugir ao tema "arbitragem", de forma alguma, estou apenas a revelar outra perspectiva diferente da análise às regras e às situações de jogo.
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10 – Que opinião tem a respeito de haver mais aproximação entre os agentes desportivos (Árbitros, Treinadores, Jogadores e Oficiais de Equipa) com a realização de eventos destinados a esta mesma integração? Pode dar-nos um contributo, uma opinião.
Somos 100% a favor, e de forma urgente! Já tivemos oportunidade de dizer que a convergência de opiniões é essencial para o desenvolvimento do andebol! Além disso, sempre defendemos que um árbitro não é bom árbitro se não perceber de técnica e táctica, e um treinador não é bom treinador se não perceber de regras e condução de jogo.
Um árbitro tem de compreender em que se baseia a defesa 3x2x1, tem de saber distinguir um 4x2 de um 4+2, para se saber colocar e prever movimentações, para se preparar. Um treinador tem de ser conhecedor de regras para evitar que os seus jogadores cometam infracções desnecessárias, para conseguir ler o tipo de condução de jogo que determinada dupla de arbitragem efectua.

11 – O que diria aos Árbitros Jovens como conselho em relação ao futuro na Arbitragem?
Acima de tudo, que honrem a camisola e o emblema que envergam. Que dignifiquem uma actividade tão nobre quanto difícil como a arbitragem. A nossa visão enquanto dupla é que somos “apenas mais um” dos vários elementos de um jogo. O jogo precisa de nós mas nós também precisamos do jogo. Muitos árbitros jovens não sentem isso, pelo que conseguimos ver. Mas muito importante para os mais jovens é aprender a tirar partido do prazer de conduzir um jogo! Divirtam-se, e a vossa evolução será mais rápida, pois vão sentir o verdadeiro prazer de arbitrar! Além disso, os momentos fora dos jogos, os convívios com outras pessoas em torneios, fases em concentração, jantares, são algo que enriquece muito a nível pessoal.

12 – Acha que actualmente a Arbitragem Nacional é devidamente compensada pelo seu trabalho e esforço no contexto do Andebol Nacional? O que acha que deveria ser melhorado.
Pensamos que não. Compreendemos que somos poucos e que temos de chegar a todos os lados, mas torna-se difícil fazer 5 ou 6 jogos num fim-de-semana, muitas vezes após percorrer longas distâncias. O 5º e o 6º jogo já não permitem a tal diversão que falámos há pouco pois o cansaço e a saturação apoderam-se de nós. Fazemos o que gostamos, e gostamos do que fazemos, mas torna-se cansativo fazer tantos jogos. Monetariamente, os valores não são elevados e a tributação fiscal e o código contributivo são questões que não jogam a nosso favor.

13 – Indique-nos um Árbitro que lhe serviu ou serve de modelo ou que possa servir para os novos Árbitros.
Não vamos referir nomes por respeito àqueles que por lapso nos poderíamos esquecer. Mencionamos apenas o nome do Carlos Malpique e do António Nunes, os homens que nos deram o curso e primeiro nos incutiram o gosto pela arbitragem. Os novos árbitros têm de olhar para todas as duplas de topo e de todas elas extrair um pouco para a sua evolução e valorização pessoal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ENTREVISTA (2 de 4)

Já conheço as novas regras, mas de forma alguma me devo antecipar à FAP nesta discussão. Pretendo analisá-las aqui no blogue depois da reciclagem.

Enquanto tal não acontece, e aproveitando também este período de férias/pré-época, deixo aqui cópia de uma entrevista que eu e o Bruno demos à APAOMA, também publicada no site da Associação.
O texto é quase 100% do que lá está, faço umas ligeiríssimas alterações, que poderão complementar o texto que lá está, mas serão muito, mesmo muito pontuais.
Deixo um agradecimento especial à APAOMA, e ao Alfredo Teixeira em particular.
Não deixo esta entrevista ao acaso. Não pretendo fugir ao tema "arbitragem", de forma alguma, estou apenas a revelar outra perspectiva diferente da análise às regras e às situações de jogo.
ORIGINAL EM: http://www.apaoma.pt/


5 – O que pensa, e se existe, diferenças na interpretação às regras entre Árbitros e os demais Agentes Desportivos?
Sem dúvida que existem diferenças de interpretação. Mas mais que diferentes interpretações, existe desconhecimento de regras! Dou um exemplo, que até pode parecer um pouco ridículo, mas que aconteceu há algum tempo num jogo nosso e mostra como o desconhecimento e as diferentes interpretações andam de mãos dadas. Um atleta passou uma rasteira a um adversário num contra-ataque, e nós desqualificámos o jogador. O treinador protestou e nós justificámos que uma rasteira é motivo de desqualificação, algo que ele contestou ainda mais. Desconhecimento. Mas ele ainda argumentou que uma rasteira não é mais que, e cito, “a conquista do espaço por parte do pé ou perna do meu jogador, que não tem culpa que o outro vá contra ele”. Diferente interpretação. Errada, no caso.


6 – Se existe, como lida com este problema, se é que o considera?
O diálogo é essencial, mas nem sempre é possível. Em campo terá de ser sempre doseado, e fora dele nem sempre é aceite. Contudo, pensamos que é essencial os vários agentes da modalidade reunirem-se e conversar, esclarecerem os seus pontos de vista e chegar a um consenso. Nem sempre os árbitros estão certos, nem sempre os técnicos estão certos.


7 – Conte-nos algum detalhe interessante que tenha passado na sua carreira de Árbitro, quer nacional e/ou internacional.
A carreira de um árbitro está sempre recheada de detalhes interessantes, jogos em ambientes dificílimos, outros que correm bem, outros que correm mal… Eu e o Bruno, até há cerca de 2/3 anos, tínhamos o estranho “hábito” de ter um jogo por época completamente para esquecer. Tudo corria pessimamente! Quando chegávamos ao balneário no fim desse jogo, dizíamos um para o outro: “Ok, foi hoje… o resto da época vai correr bem!” E não falhava… Entretanto estabilizámos e, com jogos a correr bem ou menos bem, os picos negativos deixaram de acontecer, graças a Deus! Como experiência internacional temos de destacar a nossa participação no Mundial de Desporto Escolar na Grécia, em 2002. Foi uma experiência muito enriquecedora, a nível cultural e desportivo! Atingimos as meias-finais, onde dirigimos o Eslováquia-Alemanha.


8 – Internacionalmente, como vê o prestigio da Arbitragem Nacional?
A arbitragem Portuguesa não é em nada inferior à dos outros países. À falta de nomes consagrados como o Goulão e o Macau, que foram a última dupla Portuguesa a estar no topo da arbitragem internacional, o Eurico e o Ivan respondem com belas exibições e a promessa de uma carreira sempre ao mais alto nível. Aproveito para lhes enviar um abraço de amizade e felicitação pelo seu trabalho, que ao mesmo tempo é demonstrativo da qualidade da arbitragem Portuguesa. Além deles, temos mais duplas e delegados EHF, e isso é prova que a arbitragem Portuguesa está activa, trabalha e tem qualidade.


9 – Acha que nossa Arbitragem está à altura da Arbitragem Europeia e/ou Internacional? O que é preciso fazer?
Esta questão é a continuação da anterior. Estamos à altura de qualquer país ao nível da arbitragem. Precisamos de continuar a trabalhar para elevar o nome de Portugal também ao nível dos homens (e mulheres…) do apito.