domingo, 18 de maio de 2014

O POST MAIS DIFÍCIL DE SEMPRE... ATÉ JÁ!

Já fiz aqui mais de 300 posts e este é, com toda a certeza, o mais difícil.
Chegou ao fim a minha carreira como árbitro de andebol, ontem, dia 17 de maio de 2014, em Lisboa, no Benfica x Sporting. A sensação é muito difícil de descrever. Por um lado, a certeza de ter dado sempre o meu melhor em todos os momentos. Por outro, aquela brutal sensação de perda de parte de mim, parte integrante da minha vida desde 1998. 
Verdadeiramente difícil não foi ontem, quando me senti sair para o balneário no fim do jogo. O pior foi hoje, ao acordar, e para a semana, quando começar a ressacar pela falta de jogos. Mas tudo tem um fim, e decisões têm de ser tomadas. Foi este o momento que eu e o Bruno escolhemos para o fim desta etapa e para a tomada da decisão mais difícil das nossas carreiras.


Tenho pavor de me esquecer de alguém neste agradecimento público.

Tenho primeiro de agradecer às nossas famílias o apoio que nos foram dando ao longo de 16 anos. Nós temos consciência que os momentos em que nos serraram a cabeça em protesto pelas nossas ausências, foram só porque nos queriam ter mais tempo convosco. A Arbitragem leva-nos os fins de semana e tantas vezes os dias de semana, mas nós não controlamos o prazer de Arbitrar... faz parte de nós!

Aos nossos amigos, obrigado por não deixarem que as nossas ausências estraguem a nossa amizade, e por esperarem até 1 ou 2 dias antes do fim de semana para terem as nossas respostas aos vossos convites. Aqui, obrigado por aceitarem incontáveis vezes o nosso "não posso, desculpa, tenho jogo".

A todos os jogadores, treinadores, dirigentes e todos os agentes desportivos com quem nos cruzámos, obrigado pelas vivências que nos proporcionaram. Todos foram imprescindíveis na nossa vida de árbitros e foi um privilégio partilhar tantos momentos convosco. Com certeza, em alguns jogos tivemos erros que vos prejudicaram. Desculpem por isso, o erro é presença constante na vida de um árbitro e temos de lidar com ele em todos os jogos, porque está sempre à espreita. Um olhar para o local errado, uma pequena desconcentração, um azar, um mau timing... e lá está ele. Sempre quisemos dar o nosso melhor, sempre respeitámos as vossas equipas por igual, dos veteranos aos minis, da 1ª divisão ao regional.

A todos os árbitros com quem aprendemos continuamente durante 16 anos, e a quem ousamos ter ensinado alguma coisa, enviamo-vos um abraço muito forte. Aproveitem o Andebol e a Arbitragem. Não se limitem a ir aos jogos e ir embora. Convivam, ganhem experiências, façam amigos... abram horizontes e percebam que o Andebol é muito maior do que pensam. Eu e o Bruno saímos desta etapa com tantos e tantos amigos novos e confirmados, entre árbitros, atletas, treinadores, dirigentes e adeptos, porque um dos nossos méritos sempre foi sabermos extrair o sumo de todas as situações e aproveitarmos tudo para o enriquecimento pessoal, de mãos dadas com o enriquecimento desportivo.
Quero aproveitar para enviar um abraço muito apertado ao meu amigo Jaime, que na altura, lá para 1999, ainda eu não apitava com o Bruno, perdeu muitos dos seus fins de semana para pegar em dois putos imberbes e ter dito que havia de fazer de nós árbitros. Jaime, conseguiste. Muito obrigado!

Quero também agradecer à Federação de Andebol de Portugal e à Associação de Andebol de Aveiro por todos estes anos que passaram e outros tantos que estão por vir, pelas experiências que proporcionaram a dois bons amigos que um dia disseram que iam tentar ser bons árbitros. O nosso serviço ao Andebol e à Arbitragem vai agora entrar por uma nova via, mas está muito longe do fim. 

Uma palavra muito especial à Nádia e à Ana, por serem invariavelmente os pilares da minha vida e do Bruno, respetivamente, e por perceberem que sem Andebol seríamos e seremos sempre pessoas menos felizes e seguramente menos completas.

Por fim, o meu evidente agradecimento muito pessoal ao Bruno. Crescemos muito como dupla e como amigos, passámos de dois putos tantas vezes estúpidos e imaturos a dois homens de vidas feitas, e na nova etapa iremos continuar a trabalhar juntos e em sintonia, em prol do Andebol e da Arbitragem, como sempre fizémos. Muito dificilmente pode haver uma boa dupla de arbitragem sem uma boa amizade como suporte. Não sei se fomos uma boa dupla, mas com certeza somos grandes amigos. Só por isso, todos os sacrifícios que passámos já valeram a pena.

O nosso futuro passará por continuar no Andebol e na Arbitragem, mas fora das 4 linhas. Fechámos uma porta, mas abrimos outra. Enquanto sentirmos que somos úteis ao Andebol, podem contar connosco.

O futuro deste blogue, deixo nas vossas mãos, leitores que me foram lendo ao longo de já quase 6 anos. Por mim, continuarei a dar as minhas contribuições, assim vocês me continuem a julgar válido e com a necessária competência para assumir esta responsabilidade.

Estou a despedir-me desta função, mas não da Arbitragem. E seguramente nunca do Andebol.

Por isso... até já!

sábado, 10 de maio de 2014

DURAÇÃO DO ATAQUE APÓS PASSIVO

Um jornal desportivo (Record) adiantava, na sua página online, o seguinte, acerca do basquetebol:
Ora, apesar de algumas pessoas (se calhar algumas ligadas ao andebol...) poderem ser contra esta medida no basquetebol, nós também já temos algo parecido nas nossas regras.
Quando uma equipa está na iminência de jogo passivo (árbitros com braço levantado), o passivo "vai abaixo", como é designado esse momento em linguagem corrente, se acontecer uma das seguintes situações:

  • houver sanção disciplinar para a equipa defensora;
  • a equipa atacante efetuar um remate à baliza, o guarda redes defender e a bola ressaltar para a equipa atacante;
  • a equipa atacante efetuar um remate à baliza, a bola bater nos postes ou trave da baliza e ressaltar para a equipa atacante.

Ora, neste caso, o tempo de ataque que deve ser autorizado à equipa não é o mesmo, comparado com as situações em que uma equipa "acaba de chegar" ao ataque. A regra diz que deve ser permitida à equipa "uma nova fase de organização". Esta fase é para reorganizar o ataque, de forma mais rápida, e para manter a procura ativa de uma situação de golo.
Relembro que não há uma questão de "tempo" no andebol, para marcação de jogo passivo. Existe uma questão de "atitude" da equipa com posse de bola. E é essa atitude ofensiva que tem de ser levada em linha de conta na avaliação destas situações. É por este motivo que existem passivos após 20 segundos e outros após 40.