quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CONTROLO DA BOLA vs CONTROLO DO CORPO

São duas noções distintas, e têm o expoente máximo da sua diferença quando aplicadas ao guarda-redes numa situação particular.

Por exemplo, vamos imaginar o seguinte caso... Há um remate e o guarda-redes defende. A bola vai a rolar para fora da área e o guarda-redes lança-se sobre ela, agarrando-a, mas deslizando para fora da área com ela na mão.
Normalmente, isto causa sempre barulho nas bancadas e não raras vezes nos bancos. É que a decisão é normalmente "impopular", ou melhor, é contra aquilo que se pensa ser do "conhecimento geral". Neste caso, o árbitro deve apitar e ordenar que o jogo se reinicie com lançamento de baliza.

Muita gente desconhece isto, mas é algo que convém saber.
Claro que s o guarda-redes sair com o pé alto, por exemplo, com o intuito de magoar o adversário (ou, pelo menos, de lhe acertar), deve ser sancionado por isso! No entanto, a partir do momento em que ele tem CONTROLO DA BOLA, mesmo não tendo CONTROLO DO CORPO todo, o jogo reinicia com lançamento de baliza, após correcção do árbitro, e após apito.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

REGRAS EM CAMADAS JOVENS... E NÃO SÓ

Sei que muitos pensarão que é uma utopia da minha parte, e que sonho demasiado alto, mas já alguém parou para pensar na importância de se "perder" umas horinhas (nem precisa de ser por semana!) por mês, para se ensinar as regras durante um treino? Se calhar, essa hora ou hora e meia de treino não era "tempo perdido", mas sim iria transformar-se num investimento. É que conhecer as regras, principalmente nas camadas mais jovens, onde muito do que os jogadores fazem é por desconhecimento, pode poupar sanções disciplinares nos jogos, e isso pode trazer vitórias em encontros mais equilibrados. Não que eu pense que a vitória num jogo seja o mais importante num escalão de formação (para mim não é!), mas é sempre saboroso ganhar...

Faz-me um bocado de confusão algumas respostas dos jogadores, e dou um exemplo. Há bem pouco tempo, num jogo, havia um jogador a agarrar o pivot sempre que este segurava a bola, de tal forma que a única coisa que ele mexia era os olhos. Porque penso que não tenho de partir logo para a sanção, dei um apito mais forte para ver se o defensor percebia, mas não tive sorte... Mais tarde, na mesma situação, avisei o jogador para não fazer aquilo, e a resposta foi: "Só estou a defender!". O jogo reiniciou, a bola vai ao pivot e lá vem o defensor a correr para agarrar o pivot com toda a força. Cartão amarelo. "Não podes fazer isso!" Resposta do jogador: "O quê? Eu só agarrei!" "Pois, é isso que não podes fazer!" "DESDE QUANDO É QUE NÃO POSSO AGARRAR?" Fiquei abismado com a resposta. O jogo reinicia, e mal a bola vai ao pivot, a situação repete-se mesmo à minha frente. Exclusão e o banco a protestar comigo.

A minha questão é: não vale a pena investir-se no estudo de regras, visto que neste caso os próprios oficiais pensavam que agarrar era normal? Não se teria poupado logo duas sanções a um atleta, que era tecnicamente evoluído e influente no ataque?

Não estou a dizer que os árbitros não erram no julgamento de alguns lances que podem até acabar por ter influência nos resultados, porque erram! Mas situações destas são, no meu ponto de vista, facilmente evitáveis com uma simples leitura do livro de regras, e a transmissão dos pontos-base aos atletas.

Transcrevo duas pequenas alíneas do livro de regras, que menciona o que NÃO É PERMITIDO no contacto com o adversário:

8:2 NÃO É PERMITIDO
b) bloquear ou empurrar um adversário com os braços, mãos ou pernas;
c) prender, segurar, (pelo corpo ou pelo uniforme) empurrar, ou lançar-se contra o adversário em corrida ou em salto;

A repetição destas faltas, principalmente após aviso, originam sanções disciplinares. E podem ser facilmente reduzidas, se houver o cuidado de se alertar os atletas para estas situações previamente.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

DESQUALIFICAÇÃO / CRUZETA

Recebi o seguinte mail, que transcrevo, omitindo identidades como tenho feito sempre:

"Carlos Capela
Sou treinador da formação! tenho um duvida, um jogador se for expulso, com o sinal de cruzeta, na 1º parte, a equipa fica reduzida com menos 1 elemento ate final da 1 parte certo?
Se por acaso for desqualificado(conduta anti desportiva), com vermelho Directo a equipa fica apenas reduzida com menos 1 elemento por 2 minutos???
desculpe a questão mas era so para tirar essa duvida!
Outra duvida-diferença entre cruzeta e vermelho directo??
Espero a sua resposta
abraço"

A MINHA RESPOSTA:

"Boa tarde.
A diferença entre uma cruzeta e um vermelho directo é simples.
A cruzeta aplica-se em casos de agressão ou cuspidela, nos casos em que há vias de facto.
A desqualificação aplica-se em casos de conduta anti-desportiva grave (insulto, empurrão pelas costas num contra-ataque, puxar um braço por trás, etc, etc).

A penalização para ambas as situações é a seguinte:
Cruzeta: a equipa fica reduzida de um elemento até ao fim do JOGO!
Desqualificação: a equipa fica reduzida de um elemento durante 2min, seja a desqualificação directa ou não.

Passo a transcrever as regras do livro, para não restarem dúvidas:

DESQUALIFICAÇÃO
16:8 Uma desqualificação de jogador ou oficial de equipa é sempre para o restante tempo de jogo. O jogador ou oficial deve abandonar imediatamente o campo e a zona de substituições. Depois de sair, ao jogador ou ao oficial não é permitido ter nenhum contacto com a equipa. A desqualificação de um jogador ou oficial de equipa, dentro ou fora do campo, durante o tempo de jogo, conduz sempre a uma exclusão de 2 minutos para a equipa.

EXPULSÃO
16:9 Deve sancionar-se com expulsão: Quando um jogador é culpado de uma agressão durante o tempo de jogo, dentro ou fora do terreno de jogo.
16:11 Uma expulsão é sempre para todo o restante tempo de jogo, e a equipa tem que continuar a jogar com um jogador a menos no terreno de jogo.

Espero ter ajudado. Se precisar de qualquer outro esclarecimento, disponha.
Um abraço.
Carlos Capela"

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

OS VERDADEIROS NOMES DAS SANÇÕES


Para muita gente, esta é uma questão sem interesse. Para outros (como eu), são pormenores como este que fazem toda a diferença entre alguém que sabe de regras e termos técnicos, e alguém que nem por isso.

É frequente ouvir expressões como:
"Fui expulso 2 minutos"
"O árbitro expulsou-me com vermelho"
e outras do género...

Que não se conheça e use o termo ADVERTÊNCIA para a amostragem de um cartão amarelo ainda se compreende, e não é criticável.
Mas catalogar todas as sanções daí para a frente de "expulsão" é grave.
Repare-se... Por mais óbvio que seja para alguns aquilo que eu vou dizer, para outros será novidade:
- 2 minutos é uma EXCLUSÃO
- Um cartão vermelho, directo ou não, é uma DESQUALIFICAÇÃO
- Uma cruzeta é uma EXPULSÃO.

Todas estas sanções têm raios de acção e consequências diferentes, logo, deve tratar-se cada uma delas de forma diferente...

São apenas detalhes, mas ainda assim são importantes...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SANÇÕES A OFICIAIS 3

No tópico anterior estava o seguinte comentário, que para aqui transcrevo:
"Boas Capela.
Deixo aqui uma questão.. A equipa "A" está em posse de bola, e o treinador da equipa "A" está a discutir um lance anterior com a dupla de arbitragem e naquele instante para o jogo e adverte o treinador com o cartão amarelo, o treinador continua a discutir e leva 2m. A questão é se a equipa "A" perde a posse de bola e passa a equipa adversária?
Com os melhores cumprimentos e parabens pelo blog.
Ass: Ivan Santos"
Como disse a pessoa que comentou a seguir, "perde quer seja amarelo, 2 minutos ou vermelho!". A questão essencial é saber se o jogo está parado ou não.
Imaginemos 2 situações:
1- A equipa A está a circular a bola em pleno ataque quando o treinador de A reclama com os árbitros. Os árbitros páram o tempo, sancionam o técnico e há inversão do sentido de jogo junto à mesa. Neste caso, qualquer sanção disciplinar ao banco (seja amarelo, 2min ou vermelho) dá origem a inversão do sentido de jogo!
2- A equipa A está no ataque e um jogador sofre uma falta. Há um livre de 9m por marcar. Antes do jogador repôr a bola em jogo, o treinador de A reclama. Os árbitros páram o tempo, sancionam o técnico e o jogo recomeça com o livre de 9m correspondente...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

EXCLUSÕES SUCESSIVAS

Recebi o seguinte mail, que transcrevo:

"Boas Capela.
Antes demais tenho que te dar os parabéns pelo blogue =)
Venho por este meio tentar tirar uma dúvida que acho que é complicado de resolver... Vamos imaginar a seguinte situação:
-Aos 10m da 1ªparte o jogador da equipa A é sancionado com 2m só poderá reentrar aos 12m
Entretanto há outro jogador da mesma equipa que também é sancionado com 2m aos 11m por exemplo
-Imaginando que aos 11:50 o treinador da equipa A olha para a mesa e não vê colocado o papel com o tempo de exclusão do 1º jogador e por isso o faz reentrar. Existe um erro... mas como deve ser resolvido? A equipa A não tem culpa do erro da mesa, certo? mas também deve ser castigada pois fez entrar um jogador mais cedo. Isto vem ao encontro do teu post sobre a formação de todos os intervenientes do jogo. Pois nestes casos o erro é proveniente da mesa que (acho) é obrigada a colocar os tempos de exclusão à vista certo?
Sem mais de momento,
Cumprimentos"

A MINHA RESPOSTA FOI:

"Boas!
Antes de mais, agradeço os parabéns e agradeço, também, as futuras visitas que lá possas fazer... :)
Transcrevo parte da regra 18:2 para ajudar à minha resposta:

18:2 (...)Caso o quadro electrónico público não indique os tempos de exclusão, o cronometrista exibirá um cartão na mesa, mostrando o final do tempo de cada exclusão, bem como o número do jogador excluído.

Por isso, antes de mais é preciso saber se o tempo está visível no cronómetro ou não. Não estando, é que se torna necessário usar o papelinho com o tempo na mesa.
E aqui entra a formação dos oficiais de mesa, ou melhor, a sua capacidade de distinguir o que é melhor para o jogo. No caso de múltiplas exclusões, é aconselhável não pôr os papéis uns debaixo dos outros, mas sim lado a lado, precisamente para evitar este tipo de complicações. Na pior das hipóteses, o papel referente à primeira exclusão deve ser sempre o primeiro, o de cima!
No entanto, há outra questão a considerar. Por não ver o papel, o treinador não pode simplesmente assumir que o tempo já passou. Nestes casos, deve sempre consultar-se a mesa. Repara, mesmo que o marcador não assinale o tempo de exclusão, em quase todos os pavilhões há cronómetro de parede. Quando esse jogador foi excluído, o tempo estava à vista de todos.A questão fundamental aqui é que, mesmo que a mesa cometa a imprudência (grave!) de colocar um papel a tapar o outro, o facto é que o jogador entra uns segundos mais cedo e deve ser excluído por isso.
Um abraço,
Capela"

Não tenho, de momento, grandes comentários a fazer a estas situações. Ao mesmo tempo que faço um apelo para que todos os oficiais de mesa mantenham sempre os tempos de exclusão em local visível, faço-o também aos Oficiais A de cada equipa, para que tomem sempre muito cuidado com estas situações. É prejudicial para a equipa e muito desagradável para o desenrolar do jogo ter de excluir alguém por um motivo destes...

domingo, 9 de novembro de 2008

JOGO PASSIVO

Recebi este comentário no tópico relativo ao jogo passivo, e transcrevo-o para este novo tópico, comentando de seguida:
"Caro Carlos Capela.
Queria apenas deixar uma questão relacionada com este tema.
Após "por o braço abaixo", numa situação de jogo passivo, os árbitros não têm tendência a ser menos permissivos na continuação desse ataque, levantando novamente o braço mais rapidamente do que se fosse o início desse ataque? A minha experiência diz-me que sim, e às vezes basta dois ou três passes para assinalar novamente eminência de jogo passivo.
Parabéns pelo Blog.
Luis Rodrigues."

Sim, de facto existe essa tendência, mas repare... Após o braço ir abaixo, a equipa tem direito a re-organizar o ataque, o que é diferente de organizar um ataque de início, quando chega ao seu meio campo ofensivo. Deve dar-se mais algum tempo para o fazer, mas não como se fosse a primeira vez, a partir do zero.
Admito que alguns árbitros possam ser mais "exigentes", mas há que ter o bom senso de permitir mais que dois ou três passes, porque isso é manifestamente insuficiente para se re-organizar o ataque...
Muito obrigado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

7M APÓS APITO - confirmação

Tinha prometido deixar aqui a certeza acerca da questão que me foi colocada, e que agora resumo:
Livre de 7m já após a buzina;
O jogador remata, a bola bate no poste, ressalta no guarda-redes e entra na baliza.

NÃO É GOLO!

Não é considerado consequência directa do remate à baliza. Todos os árbitros que contactei concordam comigo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

NOVAS TECNOLOGIAS 2

O seguinte comentário foi deixado no tópico "Novas Tecnologias", e passo a transcrevê-lo para aqui:

"Gostava de deixa perguntas.
Quantos arbitros ha que perguntam se os jogos que vão apitar vão ser filmados?
E se perguntam quantos arbitros há que pedem o DVD do jogo para a sua analise?
Quantos arbitros ha que filmem o seu desempenho para analise evolutiva do mesmo?
Eu nunca tive essa experiencia, secalhar a utilização das novas tecnologias começa por ai. Tive varios treinadores que diziam: -Epá vou começar a gravar os jogos e os treinos para aperceberes dos erros que estas a cometer, parece que nem acreditas no que eu digo.lol
Os arbitros nas reunioes analizam o que? Observaçoes no papel?? Que utensilios tem para melhorarem o desempenho semanal?
Acho que fico por aqui com as perguntas, desculpe Sr. Arbitro"


Não posso, por motivos óbvios, responder quantos árbitros fazem isto ou aquilo. Posso falar da minha opinião pessoal e da forma como trabalho.
No outro post, quis apenas falar da utilização das tecnologias no desenrolar do jogo em si e na influência que poderão ter nas decisões da arbitragem. Mas é óbvio que as tecnologias têm outras aplicações.
Concordo que o vídeo do jogo é uma ferramenta de trabalho essencial no desenvolvimento do árbitro, da mesma forma que é também no do atleta. Através do vídeo podem ser detectados erros e imprecisões nas decisões e na técnica de arbitragem que de outra forma passariam em branco.
Pessoalmente, tenho reunidos vários vídeos de jogos meus e não só, televisionados ou apenas filmados com uma câmara, e todos eles foram alvo de análise. Os televisionados são melhores porque conseguimos ter repetições de vários ângulos.

As reuniões podem ser de vários tipos e ter várias finalidades. Há o trabalho de papel, com estudo de regras, comportamentos e análise de situações teóricas, e há o trabalho de vídeo, que alguns poderão fazer e outros talvez não. Eu faço, e garanto que é um excelente meio para limar arestas. Por vezes dizemos "Aqui tive uma excelente decisão" e outras "Como foi possível não ver isto?", mas em qualquer das situações o objectivo de evoluir é perfeitamente possível.

Sempre que possível, é também recomendável os árbitros (individualmente ou como dupla) fazerem uma auto-crítica à sua actuação. No caso dos árbitros jovens, penso que devem escutar sempre os árbitros mais experientes, que não deverão negar nunca o apoio aos mais novos.

domingo, 2 de novembro de 2008

7M APÓS APITO

Num comentário anterior, ficou lançada esta questão, que aqui reescrevo:


"Viva colega Capela.
Gostaria de expor uma dúvida que me "atormenta" há algum tempo. Para alguns conhecedores, pode parecer básico, mas eu que pouco ou nada sei, gostaria de ter a opinião de alguém tão fiel à modalidade, e especialmente à arbitragem.(Francamente só digo isto, pois espero por uma tão desejada francesinha...) =)

Eis um possível 'cenário':
- Sete metros sobre o tempo limite de jogo;
- Resultado empatado;
- Vitória necessária para a passagem à seguinte fase, por parte de ambas as equipas;
-Marcação do sete metros;
-Remate a bater na barra da baliza, volta para trás, bate nas costas do guarda-redes e entra na baliza.

Eis as dúvidas:
1. Golo válido?
2. Ou devido ao esgotar do tempo de jogo, e tendo a bola alterado sucessivamente de sentido, dá-se a invalidez do lance?Como se pode ver pelo exemplo, são pormenores de jogo que gerem imensa polémica e que podem ser decisivos.

Sinceros cumprimentos,
Bruno Francisco Marques"


Confesso que esta questão também me lançou algumas dúvidas. Se, por um lado, se pode pensar que o ressalto é incluído no mesmo "lance", por outro também se tem de atentar a que a bola muda de sentido.
As regras dizem que:
14:4 O lançamento de 7 metros será executado como um remate
directo à baliza (...).

Falei com alguns colegas e todos partilharam da mesma opinião. Como o remate tem de ser directo à baliza, o lance tem de ser invalidado porque após o ressalto, já não se considera que o remate é directo...