domingo, 16 de setembro de 2018

BALANÇO SOBRE AS NOVAS REGRAS

No fim de mais uma época desportiva e com a próxima a bater à porta, penso ser uma boa altura para partilhar convosco uma reflexão sobre as dificuldades que todos os agentes da modalidade, desde árbitros até aos espetadores, têm sentido no que diz respeito à aplicação das novas regras, postas em prática há dois anos.

Algumas foram de compreensão fácil, outras têm vindo a ser bem assimiladas com o tempo, outras ainda não arranjaram o devido espaço no pleno entendimento de todos nós. Gostaria de deixar bem claro que esta é apenas e só a minha opinião, baseada naquilo que fui vendo e ouvindo ao longo deste tempo.
As novas regras eram basicamente cinco. A saber:

  • Jogador lesionado (procedimento a seguir e regra dos três ataques)
  • Cartão azul (informação pública de relatório escrito)
  • Jogo passivo (contagem dos passes)
  • Guarda redes (fim da obrigatoriedade de guarda redes em campo)
  • Últimos 30 segundos (desqualificação e livre de 7 metros)

Questões pacíficas têm sido as relacionadas com o jogador lesionado e o cartão azul.
Penso que toda a gente percebeu com facilidade o espírito das alterações, e os árbitros também têm estado bem na sua aplicação.

O jogo passivo tem justificado algum trabalho, em especial na sinalização/informação da contagem dos passes, e na questão do passe adicional. É um processo progressivo que tem sido um sucesso, quer por parte das equipas quer por parte da arbitragem. Como nota de rodapé, acrescento, pela minha experiência, que o jogo passivo é dos pontos em que a nossa arbitragem está mais forte, sendo que a grande maioria dos nossos árbitros faz uma muito boa leitura da atitude ofensiva das equipas e define bem o momento para sinalizar a iminência de jogo passivo. 
Outro aspeto cuja compreensão tem evoluído de forma muito positiva, é a questão dos sete jogadores de campo, e as situações que daí decorrem. O caso mais crítico é o da baliza vazia no momento em que a defesa recupera a bola e pretende fazer remate imediato. Surge confusão em muitas pessoas quando veem um livre de 7 metros assinalado a distâncias de 20 ou 30 metros da baliza, mas o entendimento dos critérios seguidos pelos árbitros tem aumentado, não só porque os árbitros têm procurado trabalhar a clareza desses critérios, mas também porque eles próprios têm dado seguimento a esse trabalho de forma muito acertada.

A grande dificuldade tem residido em perceber os contornos da aplicação da regra dos últimos 30 segundos. A bola tem de estar em jogo ou não? Todas as faltas originam livre de 7 metros? Todas as sanções disciplinares têm de ser desqualificação? Entre os árbitros tem havido muito trabalho neste sentido, para esclarecer todas as pequenas e grandes questões que sempre surgem. Mas penso que a maior parte das pessoas está ainda agarrada à antiga lei do último minuto, em que o princípio era o mesmo, o de penalizar condutas antidesportivas graves, mas era uma lei que permitia que o crime compensasse em alguns casos. A lei como está agora está mais justa, mais penalizadora para os infratores. Pessoalmente penso que foi uma boa evolução. Falta todos nós fazermos um esforço adicional para a assimilar a 100%.

Acima de tudo há algo que todos temos de manter sempre presente. É em conjunto que temos de evoluir e solidificar os nossos conhecimentos, para termos melhores jogos na nossa modalidade. O Andebol evolui com a interação entre todos nós.

NOTA: Artigo partilhado com o Magazine ACL.