terça-feira, 1 de setembro de 2020

UM APELO

Hoje deixo um apelo muito, mas mesmo muito sério.

Como é claro para todos, a pandemia gerada devido à Covid-19 veio para ficar durante uns tempos. Todos estamos a ver as nossas realidades a ser alteradas e os nossos hábitos virados ao contrário nestes tempos difíceis. É importante que nos saibamos adaptar a estes novos tempos, enquanto não podemos recuperar a vida tal como a conhecemos e sempre a vivemos.

Devemos procurar retomar os nossos hábitos gradualmente, com a maior das cautelas e sempre muito bem protegidos. Só ao cuidarmos de nós mesmos vamos conseguir proteger todos e cada um dos que nos rodeiam no dia a dia e, por consequência, toda a sociedade.

Confesso que me perturba largamente ver a irresponsabilidade em muitas pessoas. Por favor, não façam parte daquele conjunto de pessoas que não se preocupa minimamente com regras e precauções, que acha que isto é um vírus inventado ou um problema menor. Choca-me ver as superfícies comerciais a rebentar de gente, muitas claramente em passeio. Choca-me ver festejos de qualquer espécie, sejam desportivos ou sociais. Choca-me ver os agrupamentos de jovens que se juntam às dezenas e centenas para conviver, estar juntos e beber uns copos.

Ninguém nos pediu que morramos para o mundo. O que nos é pedido enquanto elementos de uma sociedade que se diz inteligente e evoluída é que saibamos respeitar o próximo e que consigamos abrir a exceção que é o único caminho para a vitória nesta guerra contra um amigo invisível, mas que mata. E não mata só os outros.

Percebo que muita gente tem dificuldade em aceitar que os problemas podem vir de algo que não se vê, mas sobre o qual se tem vindo a conhecer cada vez mais coisas. Pois eu digo que o que me preocupa neste vírus não é o que se sabe, mas o que ainda está por descobrir. Consequências, debilidades, todo um conjunto de fatores sobre os quais ainda não sabemos nada.

Este apelo é ainda mais sentido quando se avizinha o regresso total das competições, não sabemos ainda quando. Sabermos proteger a nossa própria saúde não vai só ajudar a proteger a do nosso familiar e a do nosso vizinho, mas também a do nosso colega de equipa. Quantos menos riscos cada um de nós correr, menos riscos vai correr cada um dos nossos colegas de equipa. Quanto mais protegidos e alertas estivermos cada um de nós, mais protegidos e alertas vão forçosamente estar cada um dos nossos colegas de equipa. É nestas alturas difíceis que se deve elevar o espírito de grupo e a noção de que numa equipa, num grupo, o todo vale mais que a soma das partes.

Quando todas as pessoas de todas as equipas se mentalizarem que neste jogo todos temos de vencer o mesmo adversário, todos poderemos voltar a fazer aquilo que tanto gostamos, que é voltar sem restrições para dentro de um campo de andebol.

Tudo o que disse em cima se aplica ao regresso às aulas. Não duvido da ansiedade natural que muitos poderão sentir por poder rever alguns amigos ao fim de tanto tempo. Mas por favor resistam à tentação de cair em excessos e facilitismos. Vivam a vida, mas com os pés bem assentes no chão.

Protejam-se. Estamos todos no mesmo barco.


* Texto partilhado com o Magazine ACL.