sábado, 4 de julho de 2009

DEFESA MISTA (na formação)

Estamos no fim da época e é normal que a participação vá diminuindo, e os temas propostos também sejam menos, mas enquanto houver temas pendentes e me forem chegando algumas dúvidas, teremos sempre tema de conversa.

Hoje falo um pouco da defesa mista, do meu conceito de defesa mista, e da sua aplicação aos escalões de formação.

Penso que todos (ou a esmagadora maioria) os frequentadores deste blogue sabem distinguir um 5x1 de um 5+1, por exemplo, nem me parece ser essa a questão em causa. O que me parece ser premente, e penso que a intenção quando me deixaram esta questão era essa, é definir o limite a partir do qual existe marcação individual a um jogador.

Para mim, há algo que faz toda a diferença e nem sempre é fácil distinguir. Sair ao portador da bola, na minha opinião, NÃO É marcação individual. Não vejo problema em ver uma defesa subida, aos 7m ou 8m, e ver um atleta aos 9m, um pouco mais próximo do atacante que ataca aos 11m ou 12m, e tem liberdade de manobra. Começa a haver marcação individual a partir do momento em que esse atacante se mexe e o defesa o acompanha para todo o lado. Também não vejo problema em o defesa que está aos 9m sair ao atleta portador da bola, desde que retome a sua posição defensiva após aquele a soltar.

Muitas vezes, a impossibilidade de se fazer marcação individual é confundida com a obrigatoriedade de os atacantes não poderem ser perturbados, o que está errado. Penso que não teria perfil para treinar uma equipa da formação, mas se o fizesse e visse que um adversário se destacava na qualidade do seu jogo, obviamente iria arranjar um processo para o travar. Não faz sentido não defender esse atleta. Isso sim, seria contra-natura. O que não se pode é ir contra as regras ao fazê-lo.

12 comentários:

Pedro Tomaz disse...

Sim, mas até aos iniciados não se pode fazer qualquer marcação individual, ou pode ?

Abraço

Anónimo disse...

Num determinado jogo utilizei um sistema defensivo 5:1, em que o defesa avançado não estava na zona central como e hábito, mas descaia para um dos lados do 1ªlinha, fui avisado varias x pelo arbitro que estva a efectuar defesa mista, alias ate chegou ao ponto de pararem o jogo para vir falar comigo, enfim... ! O Mesmo acontece qundo ulitzavmos defesas mais abertas, 3:2:1; 3:3... somos logo postos em questão com a dita defesa mista! Acho que alguns arbitros precisam de entender bem este conceito!
abraço
Raul

Carlos Capela disse...

Pedro, até iniciados não se pode fazer defesa mista. Defesas 5+1 e 4+2, por exemplo, são defesas que não se podem utilizar. O "+1" e o "+2", a partir do momento em que representam uma marcação individual declarada, têm de recuar após ordem do árbitro.
No entanto, pode fazer-se a saída ao portador da bola. Esse conceito é que não é fácil de distinguir.

Raul, concordo plenamente consigo. Da mesma forma que alguns treinadores fazem protestos e mostram ignorância nas regras de jogo, também muitos árbitros tomam decisões mostrando ignorância em aspectos técnicos e tácticos de jogo.
Isto não é um insulto a ninguém, é a realidade, como penso que toda a gente de bom senso concordará...
No seu caso, nada obriga o "1" a estar no centro do terreno. Estava descaído? Você mostrou que identificou um atleta adversário como o jogador a defender com mais cuidado. Nada mais. Pela sua descrição parece ser uma defesa legal.

Um dos sinais mais claros de uma marcação individual a um atleta é quando esta é feita "estilo carraça", quando um jogador dá um passo e tem o defesa em cima de si.
Um técnico ordenar a um defesa que descaia para um dos lados não é infringir a lei no meu ponto de vista, é ler o jogo.

Abraços.

Pedro Tomaz disse...

Pois, mas inteligentemente muitos treinadores fazem uma "meia" marcação individual. E mesmo quem defende 3:2:1 é uma defesa quase individual muitas vezes, mas disfarçada pelo próprio sistema defensivo .

Quanto à impossibilidade de haver defesa mista nos escaloes de formaçao diria que sou contra, apesar de ter prós e contras esta marcaçao individual.

Abraço

Carlos Capela disse...

Se por "meia marcação individual" entendes "aproximação ligeira a um jogador", então penso que é legal. Uma coisa é o defesa estar colado ao atacante, outra é estar "de olho" nele.

As defesas 3x2x1 são um risco grande para quem defende, pois abrem muito espaço. No entanto, quando bem feita, é dos sistemas defensivos que mais me agrada ver.

Repara, se consideras o 3x2x1 uma marcação individual a todos os atacantes, então é permitido. A marcação individual a TODOS é permitida. Dito por outras palavras, ou a TODOS ou a NENHUM! MISTA é que não...

Anónimo disse...

O problema reside na minha optica na existencia de treinadores que são mais espertos que os outros e fazerem de facto defesas mistas. Outro problema é também o desconhecimento dos arbitros sobre por exemplo o que é disuadir e obvio que nada tem a ver com defesa mista. Nas defesas abertas com predominacia de resposabilidade individuais e como os arbitros também são jovens a leitura e diferenciação entre pressão sobre possiveis recptores de bola e mista é complicado. Passa por nós treinadores nos deixarmo nos de " meio individual" e de estrategias para ser campeões da nossa rua e passemos a nos preocupar com o que realmente é importnte. " A FORMAÇÂO DE JOGADORES DE ANDEBOL.

Carlos Capela disse...

Concordo plenamente.
Muitos treinadores pensam única e exclusivamente em ganhar, sem olhar a meios.
E árbitros há que são inexperientes e/ou desconhecedores de certos conceitos técnicos.
Admiro treinadores que apostam em colocar jogadores mais fracos a jogar em detrimento de lutarem pela vitória. Há escalões em que jogarem todos me parece mais importante que ganhar um jogo...

Anónimo disse...

Então e a preocupação excessiva com uma lateral por ex ??? Quando a bola está no seu ponta ou na central, um defesa sobe e corta a linha de passe, qdo a bola é jogada do outro la o defesa recua?' Que é que se chama a isto ??


Vasco Ramos

Carlos Capela disse...

Entendo o que queres dizer, mas cortar uma linha de passe não é, para mim, uma forma de marcação individual.
Caberá à equipa atacante encontrar forma de contornar esse problema, com jogadas estudadas, cruzamentos, uma maior mobilidade do atleta em questão, qualquer coisa...
Como eu disse, o facto de não se poder fazer marcação individual a um jogador em particular não quer dizer que se tenha de o proteger sempre.
Uma coisa é ter o defesa em cima, outra é ser-lhe cortada a linha de passe.
Este é o meu conceito, não necessariamente correcto.

Anónimo disse...

Estimado Vasco,a situação que refere se eui entendi bem trata-se de uma pressão sobre linhas de passe. No meu ponto de vista o que a sua equipa deve melhorar para resolver estas situações é a desmarcação sem bola. Na fase inicial da formação penso que será o procedimentop tactico adequado. Pressão na linha de passe a instrução deve ser: se ficas parado és um morto, procura a bola, joga sem bola, ganha-lhe as costas. Ou seja desmarcações em amplitude e profundidade. Mas como dizia anteriormente, existe sempre aquele treinador que é mais esperto que os outros. Nunca nos devemos esquecer daquilo que é de facto importante que é formar jogadores.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Desculpem lá, percebo o que dizem, trabalhar sem bola fundamental, fugir 60 ou 50 minutos a marcações apertadas é que é mais díficil.


Capela jogadas estudadas e super complexas em infantis e iniciadas ??? Achas isso possível ???

Fazer sempre estas situações contra as mesmas atletas???


Concordo em parte com o que disseram, mas continuo a dizer que o que muita gente por aí faz são defesas mistas



Vasco Ramos

Carlos Capela disse...

O que eu me referia era a coisas básicas, tipo bloqueios de pivot para libertar o jogador, ou ordenar ao atleta que tente jogar sem bola e não esperar por ela, nada de muito mais, porque esses escalões são para os miudos se divertirem e ganharem gosto à modalidade.

No entanto tenho de ressalvar uma passagem importantíssima do que disseste: "continuo a dizer que o que muita gente por aí faz são defesas mistas".
A linha que separa a marcação individual do corte da linha de passe é muito ténue.
Por vezes é difícil distinguir, e um árbitro pode ajuizar mal, e os técnicos podem estar a agir mal pensando que estão a agir bem e reclamar com o árbitro se este corrigir. Ou estar a agir mal e saber, reclamando na mesma...

Penso que esta área exige um trabalho conjunto de todas as partes envolvidas, e inclusivamente a Federação poderia aproveitar as acções de reciclagem para abordar o assunto de forma mais concreta. Assim todos teríamos uma linha de orientação definida, que seria do conhecimento dos técnicos.