Antes de mais, tenho de pedir desculpa pela não actualização nem colocação de posts novos nestes últimos dias. Tem-me sido completamente impossível fazê-lo!
Agora voltando ao andebol...
Convém, antes mesmo de desenvolver o tema de hoje, esclarecer que muito daquilo que aqui escrevo são opiniões pessoais, são um pouco da forma como eu gosto de dirigir um jogo. Nem sempre serão as formas mais correctas de o fazer, é verdade, mas neste espaço coloco um pouco da minha visão do andebol, de como as pessoas gostam de ver e da forma como eu gosto de estar nele inserido.
E por que motivo começo eu assim? Porque o tema de hoje é um tema com grande dose de subjectividade, sujeito a diferentes interpretações e avaliações. Falo da forma como EU vejo certos lances.
À partida, quase todas as bolas que entram em contacto com o pé devem ser assinaladas. Quase todas. Existem excepções. Mas vamos por partes:
- TOQUE CASUAL
Deve ser assinalada, sem sanção disciplinar. Normalmente acontece quando há um passe ao pivot e o defesa, no seu movimento, intersecta a bola sem qualquer intenção. - PEQUENO CORTE INTENCIONAL
Aqui, começamos a entrar nos cortes deliberados. Penso que se deve fazer um aviso verbal ao jogador para não repetir a infracção, ou sancioná-lo com cartão amarelo, se ainda for possível. Ocorre quando existe um passe picado para o interior da defesa, e o corte, muitas vezes, nem impede uma clara ocasião de golo. - CORTE DELIBERADO
Neste caso é imprescindível sancionar-se disciplinarmente com exclusão, seja em que tempo de jogo for! Um caso típico é o passe para o ponta que se aprestava para ganhar ângulo de remate, com o ponta defensor a esticar a perna. - BOLA NO PÉ
Aqui temos a clara diferença em relação a todos os outros pontos que referi. Este caso é, ao mesmo tempo, o mais difícil de ajuizar e que mais coragem exige para o fazer! Se o defesa está quieto e a bola é lançada CLARA E PROPOSITADAMENTE para o seu pé, pelo atacante, que se calhar já driblou e não sabe o que fazer à bola, então não vejo motivos para se assinalar falta! O defesa não tem qualquer tipo de culpa ou intenção!
É verdade que se esta falta for marcada ninguém nos diz nada, mas é uma questão de justiça para com aqueles que nada fizeram...
Como disse, esta é a minha visão das coisas, sempre sujeita a críticas.
NOTA: Gostaria de saber se algum visitante deste blogue tem o vídeo do lance que foi muito falado ultimamente, da entrada em campo do treinador Gunnar Prokop. No Youtube já não está, e eu queria fazer uma análise desse lance.
Arranjo o link para sacar o jogo todo, mas estou mais interessado mesmo nas imagens desse lance, no último minuto.
NOTA 2: Este foi o post nº100! :)
19 comentários:
Sr. Carlos Capela:
Parabéns pela 100ª mensagem.
Quanto ao teor da mesma, estou plenamente de acordo consigo.
Na minha opinião, os árbitros de andebol deveriam falar com os árbitros de basquetebol, no sentido de discutir técnicas para distinguir o que é bola no pé do que é pé na bola, e a intencionalidade. Eles acabam por ter um problema parecido. Pode ser que, juntando-se muitas cabeças, consiga-se chegar a algum lado. Mas isso sou eu que estou para aqui a opinar ...
Ficou perfeitamente esclarecida a sua interpretação. Aquilo que eu gostava de perguntar é o que é que está escrito na lei (se é que ele é clara neste aspecto), porque honestamente não sei. Aquilo que sempre aprendi desde que comecei a jogar é que bola no pé é sempre falta, mesmo que seja o adversário a atirá-la prepositadamente.
Quanto ao lance, também já procurei por todo o lado, mas parece que a ehf foi mesmo implacável na defesa dos direitos de autor das imagens :)
Cumprimentos
Quanto ao video sobre a acção de Gunnar Prokop, veja o seguinte link:
http://www.delmagyar.hu/videonezo/video/GAoPdN5VtyaNMmVGwWtLvw/
Senhor capela enviei lhe uns mailes com umas duvidas! abraço
Raul
senhor Almeida onde posso arranjar esse video?
RAUl
Sr. Raul,
pode ir ao endereço de internet que lhe indiquei (ou, por exemplo no link http://www.pixter.hu/video?id=15935), e ver o video.
Obtive estes links procurando por "Gunnar Prokop" em http://video.google.com/.
Se quiser fazer o download desse video, pode usar um qualquer programa que faça o download de videos flash, tipo Video Downloader.
No entanto, se tiver o Real Player instalado no seu computador, este programa pode fazer o download desses videos.
Outra maneira, especialmente para quem aceda à net pelo Mozilla Firefox, é procurar por DownloadHelper no Google. O DownloadHelper é um acessório do Mozilla que faz o download de videos na Internet. Há que instalá-lo. Foi esta via que eu usei.
Outro assunto:
Acho que estas nossas conversas, aqui no blogue e comentários, têm sido seguidas por mais gente que aqui acede e não chega a intervir, gente que tem algum tempo de antena.
Ainda na semana passada, estava a ver o Benfica-Fafe, quando surgiu uma situação de "passos após falta", onde o comentador da Benfica TV referiu que, na opinião dele, este tipo de situações não deveria ser marcado. No fundo, coincidindo com a minha opinião.
Pode ter sido coincidência, mas como não acredito em coincidências ...
Para além disso, tenho notado que, no contador do seu blogue, têm aparecido cada vez mais estrangeiros a visitar o seu blogue, especialmente sul-americanos. Parece-me que a divulgação do seu blogue pelo Barbolax ajudou nisto.
O seu nome deve estar a ser falado em certos círculos mais restritos, até do andebol mundial. Parece-me que esta sua iniciativa o está a ajudar a distinguir-se. Parece-me que aquilo de passar a pertencer aos quadros internacionais da arbitragem já esteve mais longe.
Indo por partes, porque ainda não respondi a qualquer destes comentários...
Não penso que a discussão com árbitros de basquetebol fosse dar muitos frutos, pelo menos neste aspecto. É verdade que são situações semelhantes, mas são desportos com especificidades diferentes, com formas de gestão diferentes.
Aníbal, o que está escrito na regra é o seguinte:
"7:8 Tocar a bola com o pé ou perna abaixo do joelho, excepto quando a bola é atirada contra si por um adversário."
Ou seja, há aqui o ponto de vista do jogador que "não tem culpa". Ele está defendido por esta regra.
Raul, respondo-lhe assim que me for possível, logo à noite em princípio.
Por último, um comentário meu... a minha intenção ao criar este blogue era, apenas e só, fazer com que existisse um espaço onde se pudesse falar de arbitragem de forma ordeira e correcta. Por norma, quando se fala de árbitros, a tendência é a conversa descambar. Isso aqui nunca vai acontecer porque não falo de ninguém, mas sim de situações concretas. Nem eu ia deixar que a conversa descambasse...
É possível que haja pessoas com responsabilidades a ler o que escrevo. Afinal de contas, estas coisas correm rápido. Mas não me quero promover à custa disto. A minha intenção inicial é a actual. Não tenho ambições em ser internacional. Como já lhe disse, tive-as em seu tempo e agora não alimento ilusões. Se eu rejeitaria algo assim? Claro que não, mas não me parece que vá acontecer.
Aquilo que sinceramente me satisfaz é a interacção entre as pessoas. É chegar ao contador e ver 50 ou 60 ao fim do dia em vez de 10 ou 20, porque é sinal que houve mais pessoas interessadas em discutir e ler andebol.
Gosto demais de andebol, e estou nele porque me dá prazer. No dia em que me sentir a mais, vou embora, com a consciência tão leve como quando entrei.
Agradeço as suas palavras e as suas intervenções. É para pessoas assim intressadas que me dá verdadeiro gosto escrever.
Na cópia que fiz no comentário anterior da regra 7.8, leia-se antes "NÃO É PERMITIDO:".
Senhor capela n se esqueça de responder aos mailes desculpe! abraço
Raul, penso que já respondi a todos...
Confesso que desconhecia isso, estava mesmo convencido que era sempre falta. Por outro lado, e lançando aqui apenas a discussão sobre a justiça de regra: não seria também igualmente justo não marcaar falta quando por exemplo se falha uma recepção e a bola vai ao pé?
Não, porque se não agarraste a bola a culpa é tua, que tens mãos de manteiga! :)
Agora a sério, não acho mesmo que o "princípio de justiça" que norteia esta regra se possa aplicar ao caso que referes. O não agarrar da bola pressupõe a tua culpa. Estares quieto e um adversário mandar-te a bola aos pés porque já driblou e não sabe o que fazer com ela já te ultrapassa...
Já para não dizer que seria mais uma coisa subjectiva, sujeita ao critério do árbitro, o que neste caso é de evitar.
Não quero mandar "achas para a fogueira", mas, já agora, queria saber qual é o seu comentário, como árbitro de elite no activo, acerca da entrevista de António Goulão ao jornal "A Bola", e que vem referenciada no seguinte link:
http://andebolmais.blogspot.com/2009/11/goulao-tem-razao.html
Para os leitores do blogue nossos amigos não portugueses que não saibam quem é António Goulão, trata-se dum antigo árbitro dos quadros da IHF, que, agora, assume funções de delegado a jogos, inclusive internacionais. Se não me falha a memória, chegou a apitar finais de competições europeias de clubes.
Sr. Carlos Capela:
1º) Ainda ontem, pus-me a pensar quais seriam as consequências para a nossa modalidade se, por exemplo, a reposição de bola em jogo após golo se faça ao estilo de como hoje se faz a reposição de bola em jogo após saída pela linha final.
Ou seja, o que aconteceria no andebol se, após golo, a bola não tivesse de ir a meio campo, e fosse logo reposta em jogo?
Pessoalmente, acho que teriamos um jogo repartido, em que cada equipa teria de repartir-se em 3 defesas e 3 atacantes, espalhando-se mais pelo campo, em vez de se concentrar o jogo à beira das áreas.
2º) Outra coisa em que me pus a pensar era se a regra de pontuação fosse alterada para uma regra igual (ou pelo menos parecida) com a regra de pontuação adoptada no actual campeonato do Mediterrâneo que está a ser disputado pela Selecção Nacional de Juniores B femininas, ou seja, separar o jogo em 2 ou 3 partes (como os sets do voleibol e do ténis), mantendo a pontuação para o resultado final.
Quanto a mim, isso iria fazer com que as equipas superfavoritas em certo e determinado desafio gerissem o jogo de modo a obter, sempre, parciais positivos para as suas cores. Agora, o que se passa em alguns jogos desse tipo, é que vimos a equipa superfavorita a ganhar a 1ª parte por muitos, e a perder a 2ª parte por alguns, porque, entretanto, deu descanso aos seus melhores jogadores.
Não concordam comigo?
Eu nunca falho recepções, tenho umas mãos seguríssimas :) :)
Mas a sério, por acaso acho que a injustiça é a mesma. Eu pessoalmente fico muito mais irritado se falhar uma recepção do que se um adversário me mandar a bola ao pé (ai, pelo menos, reconheço-lhe a "inteligência"). Mas concordo que é benéfico reduzir ao máximo a subjectividade da decisão.
Estava a ler atentamente este assunto do "bola no pé ou pé na bola", na minha opinião seria sempre falta, mas as regras permitem essa dose de dúvida como no futebol "a bola na mão e mão na bola". Paciência!
Mas estava eu a dizer, veio-me uma questão de arbitragem à cabeça, não tendo qualquer relação com esta questão. Se me permites e porque o ano passado me aconteceu algumas vezes (infelizmente) elucida-me transcrevendo a regra se puderes. A minha equipa ataca eu protesto uma decisão (eu treinador), levo 2m, posse de bola, troca ou não? E se o jogo estiver parado (ex:assistência a um atleta)? Faz diferença? É que já me aconteceu as 2 situações. Ficar com e sem a posse de bola.
Saúl Alves
Permitam-me discordar de algumas das afirmações aqui proferidas, como por exemplo , não marcar passos a um atleta que tenha sofrida uma falta. Esta afirmação contraria claramente o consignado nas regras. Senão vejamos:
Se o atleta em causa na sequência da jogada marca golo !! Será o mesmo válido ou não??
Não. O Golo não pode ser validado, pois foi obtido em clara violação das Regras. Assim a solução possível e única , é sancionar a falta que antecedeu os passos. Evitando situações de possível ilegalidade, e que contrariam claramente as Regras de jogo.
Um Amigo.
Por partes...
Acerca da entrevista do Goulão, não tenho muitas palavras a dar. São opiniões de quem foi e é para muitos (onde me incluo) uma referência.
De forma geral, acho que os árbitros conduzem melhor um jogo se pensarem que são apenas "mais um elemento" em campo, e apenas se impuserem pela força quando estritamente necessário (e por vezes é).
Em relação aos seus pensamentos, Jorge, prefiro nem pensar na 1ª hipótese!
A 2ª hipótese, não concordo. O facto de uma equipa perder a 2ª parte por descansar os melhores jogadores faz parte do jogo, pois os menos bons têm direito a jogar e evoluir...
Aníbal, não podes deixar de pensar de pensar que numa situação estás a colocar a outra equipa ao barulho, e se deixares cair a bola no próprio pé és só tu...
Saul, a explicação é simples:
Jogo corrido: perdes posse de bola;
Jogo parado: conservas a posse de bola.
Ao "Amigo", estou de acordo consigo. Há coisas nas quais o livro de regras é incontornável. Por isso, neste caso específico de passos mesmo com falta, o atacante não pode beneficiar da infracção que comete!
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