segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PEDIDOS DE TIME-OUT

Hoje falo de um tema que, não sendo de muito difícil compreensão, pode tornar-se num caso bicudo para os árbitros.
Há que pensar numa coisa, acima de tudo: o momento da entrega do cartão verde na mesa é que prevalece. Acontece que, algumas vezes, no espaço de tempo que o oficial de mesa demora a carregar na buzina, a equipa que solicita o time-out perde a posse de bola. Isto gera alguma confusão, mas na verdade é o momento da entrega do cartão verde na mesa (ENTREGA, não ARREMESSO, como por vezes acontece) que importa analisar. Isto NÃO É um erro do oficial de mesa, é uma demora natural, que por norma nem sequer é superior a 1 segundo, embora por vezes suficiente para uma equipa perder a posse de bola.
Se houver um remate, a bola fôr no ar, e essa equipa solicitar time-out, ele tem de ser concedido, e a posse de bola pertence-lhe aquando do recomeço de jogo.
Agora imaginemos um exemplo de um caso extremo...
A buzina do marcador electrónico está avariada e é preciso fazer a sinalização sonora através da utilização de um apito.
Uma equipa solicita time-out, entregando o cartão verde na mesa aos 21m20, mas ao pegar no apito o oficial de mesa atrapalha-se, deixa que ele escorregue, e só apita aos 21m24. Imaginemos ainda que, nesse período, houve um golo aos 21m22 e uma exclusão aos 21m23. É muito azar, mas pode acontecer... É fulcral fazer a seguinte análise dos vários aspectos:
  1. SANÇÃO TÉCNICA
    Qualquer sanção técnica assinalada após a entrega do cartão é REVERSÍVEL. Passos, dribles, livres de 7m, golos, tudo volta atrás.
  2. SANÇÃO DISCIPLINAR
    Qualquer sanção disciplinar atribuída após a entrega do cartão é IRREVERSÍVEL. Amarelos, vermelhos, exclusões ou expulsões MANTÊM-SE.
  3. RECOMEÇO DO JOGO
    Para todos os efeitos, o jogo foi interrompido aos 21m20. O oficial de mesa só não parou logo o tempo porque se atrapalhou. Nota importante: o oficial de mesa deve parar imediatamente o tempo, tem essa autoridade e esse dever.
    O jogador excluído poderá reentrar aos 23m20, pelo que cumprirá a sanção que lhe foi atribuída.
    Não é possível validar o golo e o jogo recomeça onde estava aquando da entrega do cartão verde, obviamente com posse de bola para a equipa que estava a atacar.
    Se não for possível fazer o marcador electrónico recuar os 4seg que decorreram excessivamente, deverá estar 4seg parado para compensar o tempo que decorreu indevidamente.

17 comentários:

Anónimo disse...

Nas sanções tecnicas, imagine-se livre de 7 metros, e nesse instante existiu a tal demora na buzina? n e marcado o 7 metros certo... e onde recomeça o jogo nos 9 metros??
Raul

Anónimo disse...

Boa noite. Dentro ainda do tema, se a equipa que ataca remata, e a bola bate na trave ou poste e antes de alguém lhe tocar for entregue o cartão verde? A) é da equipa que rematou? B) A bola não "é" de ninguém, pelo que não pode ser time-out? C) Uma hipótese que agora não estou a ver? (já agora e para aumentar o "azar", a bola bate ou no guarda redes ou no bloco antes de bater na trave...

Anónimo disse...

Mais depressa o amigo Capela postava este tópico, mais depressa teria acontecido isso num jogo que presenciei. Sei que não quer que refira o nome de equipas, certo? Passou-se uma situação, ontem que foi quase a que explicita.
A equipa X tem a posse de bola, e instantes antes de ir pro remate o treinador entrega o cartão de Time-Out. O oficial de mesa que estava a escrever não foi a tempo, e a bola já estava na mão do GR da equipa Y. O oficial reúne com os árbitros e concede o Time-Out, optando pela decisão correcta, conceder o Time-Out à equipa que no momento de entrega tinha a posse de bola. Decisão acertada, que só pecou pela discussão geral entre treinadores, OM e árbitros. Não se teria dado tanto espalhafato se os árbitros fossem mais experientes, mas a uma dupla de árbitros mais novos que o jogadores em campo não se pode pedir que se imponham. Todos sabemos a falta de árbitros (de qualidade) que há no nosso andebol.

Carlos Capela disse...

Raul,
se o cartão verde é colocado na mesa antes dos árbitros assinalarem o livre de 7m, não será livre de 7m. Como eu disse, sanção técnica REVERSÍVEL. O jogo recomeça onde estava no momento da entrega do cartão. Muito possivelmente aos 9m, sim.

Anónimo das 23:38,
no caso que refere, a bola pertence à equipa que ataca (hipótese A).
Na hipótese de azar extra que refere, o time-out já não poderá ser concedido à equipa atacante, uma vez que os últimos a tocar a bola pertencem à outra equipa.
No entanto, vou confirmar e depois dou-lhe a certeza acerca deste caso, que também me fez pensar apesar de, numa primeira análise, o que penso do lance é o que referi. É por isto que sempre digo que aprendo com a participação das pessoas aqui no blogue.

Anónimo das 23:48,
sim, agradeço que não se mencione o nome das equipas nem das pessoas. É complicado para mim...
Se a conversa for rápida, é até aconselhável num caso destes. O que se deve evitar é dar azo a conversas prolongadas, que não beneficiam em nada o jogo.
Mas se a decisão tomada foi a correcta, tanto melhor!
Lembro-me quando apareci nos nacionais a apitar jogadores de 40 anos tendo eu metade da idade deles. Por mais razão que se tenha, ou que muitas vezes se pense ter, há situações muito complicadas...

Carlos Capela disse...

Fica um pedido: a quem deixou comentários em posts antigos, por favor indique-me a data do post para eu ir lá e poder responder...

Jorge Almeida disse...

Sr. Carlos Capela,

obrigado pela resposta a mais uma duvida minha.

Quando refiro as equipas, não é com má intenção. É simplesmente para situar a situação no espaço.

Mais uma vez, elaborou uma resposta de modo a deixar de fora a maior parte das duvidas. Mas, pelo visto, o anónimo das 23:48 ainda conseguiu por o pessoal a pensar.

Penso que está a supor que a razão do árbitro central ter feito o sinal e apitado terá sido para interromper a jogada que se estava a desenrolar, e dar lugar ao time-out. Estou certo?

Carlos Capela disse...

Entendo isso, Jorge. Mas repare, ao fazê-lo, deixa-me numa posição complicada por estar indirectamente a julgar colegas e clubes, e não é isso que pretendo aqui. Tenho colegas mais e menos capazes, podem mesmo julgar-me a mim próprio como mais ou menos competente, mas o objectivo deste blogue é analisar situações sem lhes colocar "rótulos". Sei que percebe.

O anónimo das 23:48 colocou uma questão que acontece imensas vezes!
Os árbitros decidiram correctamente, mas sendo árbitros novos as decisões tornam-se mais difíceis de aceitar. Não por serem melhores ou piores, mas porque sempre foi e sempre será assim!

Anónimo disse...

Uma dúvida relativa ao regulamento da FAP.

Está no regulamento que os mesmos arbitros possam apitar em dias consecutivos a mesma equipa e no mesmo escalao ?

Obrigado.

Carlos Capela disse...

Confesso que desconheço se os regulamentos dizem algo sobre isso.

Não é algo normal, mas penso que pode acontecer.

micropoint disse...

Olá Carlos!
A propósito do tema, sei que não é fácil acontecer (se é que já aconteceu alguma vez) um treinador pedir um segundo time-out na mesma parte. Como devem proceder os árbitros? Livre de 9m a favor da equipa que ataca ou recomeça o jogo no sítio onde estava a bola quando o oficial de mesa parou o cronómetro não se lembrndo que já tinha concedido um time-out aquele treinador?
Só eu para me lembrar disto :)
Um abraço

Anónimo disse...

UM LIVRE DE 7 METROS MARCADO COM A COXA E FALTA.. DESCULPE ESTAR A MUDAR O ASSUNTO MAS ESTOU CURIOSO!

Anónimo disse...

Continua onde começou pois o erro e do auxiliar(neste caso a mesa) mas deixo para a decisão do arbitro central(amigo Capela) :)
Raul

Carlos Capela disse...

Anónimo,
só se considera bola no pé do joelho para baixo... acho que se deve validar o remate.

Tiago,
realmente deve ser raríssimo algo assim... :) Antes de mais, o oficial de mesa deve aperceber-se do erro (quanto mais não seja quando for apontar o tempo e o resultado na folha de rascunho) e assim que ele for detectado, o jogo deve recomeçar tal e qual estava quando foi interrompido.

Um abraço.

Anónimo disse...

Ora caro Capela, nem de propósito, este fim de semana estive envolvido num jogo de juniores em que aconteceu o seguinte:
Contra-ataque da equipa adversária, bola no pivot (que estava completamente sozinho) vai a rematar...time-out. Acho que já todos vimos esta situação de time-out fora do tempo.
Curiosidade: o jogo recomeça com 7 metros, penso que estariamos no dia 1 de Abril, mas não, árbitro diz que se pedir time-out com jogador em ocasião clara de golo é 7 metros.
Fiquei a pensar... e já tenho a táctica quando tiver o jogo empatado a faltar 5 segundos, mando entrar um ponta da linha de fundo e antes dele rematar peço time-out. Já vou ter pelo menos mais 2 livres de 7 metros por jogo.
Fantástico não?
Erro técnico ou só brincadeira de Natal?

Carlos Capela disse...

É livre de 7m após um pedido de time-out se esse pedido não for feito pelo treinador da equipa que ataca, claro...
Isso aplica-se quando há um apito indevido da bancada, quando o oficial de mesa interrompe inadvertidamente o jogo, etc... tudo coisas extra jogo!

Anónimo disse...

Óbvio. Mas é lógico que este caso foi um time-out da equipa que estava a atacar.
Erro técnico?

Carlos Capela disse...

Não me posso pronunciar, nem devo, sobre essa questão. Até porque sai um pouco fora da minha competência de árbitro...
Mas sem dúvida que é um erro, e uma má interpretação da regra.