segunda-feira, 19 de julho de 2010

TECNOLOGIAS

Penso que já uma vez me referi ao uso de tecnologias no andebol, mas não estou certo.
Tal como no futebol, a decisão pela introdução de meios electrónicos no andebol é uma decisão que não pode ser tomada de ânimo leve.
Compreendo a posição dos jogadores, técnicos e muitos adeptos, em querer eliminar, na medida do possível, os erros da arbitragem. Mas estando eu do outro lado da barricada, e tendo sempre a tentação de ver as coisas na perspectiva do árbitro, sou muito mais céptico e renitente no que toca a estas matérias.
Há coisas que admito poderem ser úteis. Por exemplo, os inter-comunicadores entre árbitros podem ajudar à marcação de algumas faltas, como violações de área, que são situações que dependem muito do ângulo de visão de cada árbitro. Já os chips na bola, são algo que me parece irrelevante no andebol. Devido à quantidade de golos que são marcados por jogo, esta questão não assume os mesmos contornos que no futebol.
Mas mais importante que tudo isso, é a diminuição do papel do árbitro, e a interferência de toda a gente nas suas competências. É quase a desumanização do árbitro, que não pode falhar nunca!
Além disso, a carga pesada vem toda para os ombros do árbitro...
Imaginemos a situação de um lance confuso, daqueles tão confusos que mesmo após as repetições ninguém conclui nada em consciência, e a decisão que cada um toma tem sempre a ver com o clube a que pertence. Uma equipa solicita o recurso ao vídeo.

O que é que a equipa prejudicada pela decisão vai pensar?
"Ele viu as imagens e não decidiu a nosso favor porque não quis. Quer prejudicar-nos."

É que não adianta pensar que as pessoas vão ser correctas e vão dar o braço a torcer, porque isso não vai acontecer! Simplesmente não vai, em 99% dos casos! Com o calor do jogo, especialmente dos decisivos, alguém é capaz de dizer que afinal não tem razão? Seria muito raro assistir a isso, apesar de saber que algumas (infelizmente, poucas) pessoas o fariam.

Resumindo, não sou contra a introdução das tecnologias no desporto, mas penso que todas as medidas tomadas nesse sentido devem ser muito ponderadas.

2 comentários:

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

para tudo na vida tem de haver bom senso. Como o está a demonstrar, concordo em absoluto com o que escreveu.

Acho que este assunto tem uma vertente que não abordou na sua mensagem, e que passo a explicar: é que todas estas "novidades" são custos que, em última análise, vão cair em cima dos clubes.

Ora, os nossos clubes já estão tão sem dinheiro que bem podem passar sem mais este custo associado.

Acho que as tecnologias só deviam ser de uso obrigatório nas competições oficialmente profissionais (Alemanha, Espanha, Hungria?, Dinamarca?, França?) e na Liga dos Campeões Masculina. No entanto, já vi jogos da liga sueca onde os árbitros usam o intercomunicador.

Como fazer nos jogos da Liga dos Campeões Masculina em pavilhões de equipas que não tenham essa tecnologia disponível? Simples, é o pessoal da EHF carregar essa parafernália com eles.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

parabéns pela entrevista.

Tem de a pôr em destaque aqui no blogue, como fez o barbolax com a entrevista que deu.

Enquanto não a põe em destaque, e para quem ainda não sabe do que estou a escrever, aqui vai o link:

http://www.apaoma.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=122:bruno-e-capela&catid=51:sr-arbitro-sua-vez&Itemid=109