segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ENTREVISTA (2 de 4)

Já conheço as novas regras, mas de forma alguma me devo antecipar à FAP nesta discussão. Pretendo analisá-las aqui no blogue depois da reciclagem.

Enquanto tal não acontece, e aproveitando também este período de férias/pré-época, deixo aqui cópia de uma entrevista que eu e o Bruno demos à APAOMA, também publicada no site da Associação.
O texto é quase 100% do que lá está, faço umas ligeiríssimas alterações, que poderão complementar o texto que lá está, mas serão muito, mesmo muito pontuais.
Deixo um agradecimento especial à APAOMA, e ao Alfredo Teixeira em particular.
Não deixo esta entrevista ao acaso. Não pretendo fugir ao tema "arbitragem", de forma alguma, estou apenas a revelar outra perspectiva diferente da análise às regras e às situações de jogo.
ORIGINAL EM: http://www.apaoma.pt/


5 – O que pensa, e se existe, diferenças na interpretação às regras entre Árbitros e os demais Agentes Desportivos?
Sem dúvida que existem diferenças de interpretação. Mas mais que diferentes interpretações, existe desconhecimento de regras! Dou um exemplo, que até pode parecer um pouco ridículo, mas que aconteceu há algum tempo num jogo nosso e mostra como o desconhecimento e as diferentes interpretações andam de mãos dadas. Um atleta passou uma rasteira a um adversário num contra-ataque, e nós desqualificámos o jogador. O treinador protestou e nós justificámos que uma rasteira é motivo de desqualificação, algo que ele contestou ainda mais. Desconhecimento. Mas ele ainda argumentou que uma rasteira não é mais que, e cito, “a conquista do espaço por parte do pé ou perna do meu jogador, que não tem culpa que o outro vá contra ele”. Diferente interpretação. Errada, no caso.


6 – Se existe, como lida com este problema, se é que o considera?
O diálogo é essencial, mas nem sempre é possível. Em campo terá de ser sempre doseado, e fora dele nem sempre é aceite. Contudo, pensamos que é essencial os vários agentes da modalidade reunirem-se e conversar, esclarecerem os seus pontos de vista e chegar a um consenso. Nem sempre os árbitros estão certos, nem sempre os técnicos estão certos.


7 – Conte-nos algum detalhe interessante que tenha passado na sua carreira de Árbitro, quer nacional e/ou internacional.
A carreira de um árbitro está sempre recheada de detalhes interessantes, jogos em ambientes dificílimos, outros que correm bem, outros que correm mal… Eu e o Bruno, até há cerca de 2/3 anos, tínhamos o estranho “hábito” de ter um jogo por época completamente para esquecer. Tudo corria pessimamente! Quando chegávamos ao balneário no fim desse jogo, dizíamos um para o outro: “Ok, foi hoje… o resto da época vai correr bem!” E não falhava… Entretanto estabilizámos e, com jogos a correr bem ou menos bem, os picos negativos deixaram de acontecer, graças a Deus! Como experiência internacional temos de destacar a nossa participação no Mundial de Desporto Escolar na Grécia, em 2002. Foi uma experiência muito enriquecedora, a nível cultural e desportivo! Atingimos as meias-finais, onde dirigimos o Eslováquia-Alemanha.


8 – Internacionalmente, como vê o prestigio da Arbitragem Nacional?
A arbitragem Portuguesa não é em nada inferior à dos outros países. À falta de nomes consagrados como o Goulão e o Macau, que foram a última dupla Portuguesa a estar no topo da arbitragem internacional, o Eurico e o Ivan respondem com belas exibições e a promessa de uma carreira sempre ao mais alto nível. Aproveito para lhes enviar um abraço de amizade e felicitação pelo seu trabalho, que ao mesmo tempo é demonstrativo da qualidade da arbitragem Portuguesa. Além deles, temos mais duplas e delegados EHF, e isso é prova que a arbitragem Portuguesa está activa, trabalha e tem qualidade.


9 – Acha que nossa Arbitragem está à altura da Arbitragem Europeia e/ou Internacional? O que é preciso fazer?
Esta questão é a continuação da anterior. Estamos à altura de qualquer país ao nível da arbitragem. Precisamos de continuar a trabalhar para elevar o nome de Portugal também ao nível dos homens (e mulheres…) do apito.

6 comentários:

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

acabei de tropeçar numa página da IHF onde se divulga uma série de slides em pdf, em inglês, acerca das novas regras a implementar a partir da próxima época.

O documento foi apresentado num simpósium realizado pela IHF, em 2009, na Tunísia.

Eis o link:

http://www.ihf.info/files/Uploads/Documents/9267_9267_New_ruls2010_E.pdf

É isto mesmo? Houve, de cá para lá, alguma alteração?

Jorge Almeida disse...

Com o meu anterior comentário, somente pretendo que diga se houve alguma alteração ao que está escrito no documento citado, e não a discussão "pura e dura" das regras (especialmente da maneira como acha que vão ser implementadas, e dos efeitos que poderão ter no jogo jogado).

Carlos Capela disse...

Estive a ver o documento que diz e parece-me que, traços gerais, é aquilo que lá está.
Algumas daquelas instruções já eram aplicadas, como a saída da área dos guarda-redes e o relatório escrito após conduta anti-desportiva, mas são agora publicadas oficialmente como instrução/regra.
A discussão precisa das regras e da sua aplicação, fá-la-ei após as reciclagens.

Jorge Almeida disse...

Ás tantas, por estarmos em altura de mudança de regras, Christer Ahl, o sueco-norte-americano que já foi árbitro internacional, presidente do Comité de nomeação de árbitros da IHF, e agora escreve no Team Handball News, veio com uma peça a lembrar regras que, dantes, se aplicavam no andebol.

http://teamhandballnews.com/news.php?item.1084

Ainda sou do tempo de algumas daquelas regras: Lançamento de bola ao ar, não haver time-outs, do 7 metros por atraso de bola ao GR, de termos de esperar que a outra equipa volte toda para o seu meio campo defensivo após termos sofrido golo, etc ...

Ao ler a peça, chego à conclusão que houve uma alteração profunda das regras em 1981. Coisa que não sabia.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng., já se viu a apitar com 2 colegas como fiscais de linha (ao estilo do futebol)?

Como o jogo era diferente naquela altura ...

Carlos Capela disse...

Eu também sou do tempo de algumas das regras que refere. Acredita que passados 3 ou 4 anos da extinção do lançamento de bola ao ar ainda havia gente que não sabia que isso já não existia? Da mesma forma que ainda muita gente (mas muita mesmo!) não sabe que se o GR sair da área dos 6m a deslizar com a bola na mão é necessário apitar e ordenar o lançamento de baliza...