terça-feira, 24 de agosto de 2010

ENTREVISTA (4 de 4)

Já conheço as novas regras, mas de forma alguma me devo antecipar à FAP nesta discussão. Pretendo analisá-las aqui no blogue depois da reciclagem.
Enquanto tal não acontece, e aproveitando também este período de férias/pré-época, deixo aqui cópia de uma entrevista que eu e o Bruno demos à APAOMA, também publicada no site da Associação. O texto é quase 100% do que lá está, faço umas ligeiríssimas alterações, que poderão complementar o texto que lá está, mas serão muito, mesmo muito pontuais.
Deixo um agradecimento especial à APAOMA, e ao Alfredo Teixeira em particular.
Não deixo esta entrevista ao acaso. Não pretendo fugir ao tema "arbitragem", de forma alguma, estou apenas a revelar outra perspectiva diferente da análise às regras e às situações de jogo.
ORIGINAL EM: http://www.apaoma.pt/
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14 – Qual o capítulo do jogo que lhe oferece mais dificuldade e como procura ultrapassá-lo?
A sanção progressiva e as lutas aos 6m, sem dúvida.
É muito difícil manter um critério 100% uniforme a nível disciplinar no mesmo jogo e de jogo para jogo. É muito fácil falhar num lance e com isso estragar o que de bom possa ter sido feito para trás.
As lutas aos 6m são algo que deriva da evolução do próprio Andebol. É extremamente difícil ajuizar contactos naquela zona do terreno, pois é ali que se decidem muitos jogos. Consequentemente, é a zona de maior probabilidade de ocorrência de problemas.

15 – O que faz ou tem feito no âmbito do desenvolvimento da Arbitragem Nacional?
Temos colaborado em várias acções de formação promovidas por alguns clubes, para sensibilização de pais, atletas e dirigentes, em especial na nossa Associação.
Durante vários anos estivemos à frente da arbitragem regional, juntamente com outros companheiros que muito nos ajudaram. Nesse contexto, a colaboração do João Teles e do Hilário Matos merecem o nosso agradecimento público por se destacarem como elementos de importância vital no nosso trabalho. O Ramiro Silva e o Mário Coutinho, assim como o Carlos Malpique, foram outros elementos de imenso valor que trabalharam connosco.
Tenho ainda o meu blogue (http://carloscapela.blogspot.com), um espaço aberto à participação de todos, onde procuro colmatar uma lacuna que existia no espaço andebolístico Português, e promover uma discussão correcta e ordeira acerca da arbitragem e das regras, e onde tenho tido uma participação muito significativa das pessoas, com uma média de cerca de 40 visitas por dia, o que considero muito positivo para o tipo de espaço que é.
Sempre que o tempo nos permite, dirigimos jogos a nível regional com árbitros mais jovens, para lhes transmitir alguma da nossa experiência, mas a sobrecarga de jogos a nível nacional nem sempre permite que isso aconteça.

16 – O que gostaria de dizer ou sugerir para a melhoria da Arbitragem Nacional?
É preciso trabalhar muito, mas ao mesmo tempo é necessário dotar os árbitros de melhores condições para a prática da arbitragem. Depois sim, poder-se-á exigir mais aos árbitros.
Todavia, é obrigatório que todos pensemos que o primeiro passo tem de partir de nós mesmos, através do trabalho jogo a jogo, diálogo com a dupla, análise das próprias actuações, observação de jogos dos colegas e muito trabalho de vídeo.
Todos os jogos (TODOS!) nos permitem concluir algo de importante, nos permitem aprender um pouco mais.
Temos de trabalhar mais em conjunto e não isoladamente.

8 comentários:

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

acabei de ver o 1º jogo da Bundesliga Alemã.

A ganhar por 1, faltando 4 segundos para o final do jogo, a equipa forasteira beneficiou dum livre de 9 metros, e com jogo passivo assinalado.

O que fizeram? Um deles passou para o colega, que desatou a correr (batendo a bola) para o seu meio-campo.

O que fizeram os srs. árbitros? Deixaram o tempo correr!

Não sei qual é o seu entendimento. Para mim, não sendo árbitro, parece-me que os srs. árbitros tinham de assinalar jogo passivo, e dar a bola à equipa da casa.

É certo que, na maioria esmagadora dos casos, não acontece nada nos livres de 9 metros marcados do meio-campo. Mas, ainda por cima com a diferença em 1 golo, a dupla de arbitragem teria de marcar falta e dar a bola à outra equipa.

Escrevo-lhe a descrever esta situação para ficar alertado, pois pode acontecer-lhe "uma destas" (de certeza que não fui o único a ver esse jogo).

Carlos Capela disse...

Realmente, nunca me aconteceu uma destas. Já me aconteceu um jogador ir em contra-ataque isolado e simplesmente parar, para começar a driblar parado. Mas assim não...

Concordo consigo, acho que é jogo passivo. Mas sejamos realistas... Entre marcar e não marcar a falta, o tempo acaba. Ia adiantar alguma coisa marcar aquilo? Deixe-me adivinhar: ninguém da outra equipa protestou!

Com todos os jogadores pela frente, parece-me extremamente improvável que dessa falta resultasse um lance de perigo, quanto mais um golo!

Jorge Almeida disse...

Efectivamente, não me lembro de ninguém da equipa da casa a protestar.

No entanto, o público (pavilhão cheio, como é apanágio na Alemanha) brindou os Srs. Árbitros (e a equipa adversária) com um coro de assobios monumental. Os Srs. Árbitros, por terem deixado aquilo acontecer, os adversários por prática de anti-jogo que nem é normal ver-se nos pavilhões alemães.

Com aquele nível de barulho e de protesto, se fosse aqui em Portugal, os futeboleiros iriam para a beira da entrada do túnel de acesso aos balneários fazer sabe-se lá o quê ...

E assim se estraga um jogo que até tinha corrido bem aos Srs. Árbitros!

Unknown disse...

Eu quase que aposto que nem iria haver tempo para rematar :)
Mas não é por isso que estou a escrever. É mais para me "queixar" das novas regras... Confesso que ainda não tive tempo de ler nada que explicasse as alterações, mas tivemos recentemente dois jogos treino e não me parece que estas alterações, nomeadamente o maior rigor das sanções ao uso dos braços a defender sejam muito positivas. Há imensas situações que não põem ninguém em perigo de se lesionar, que são apenas "controlo" do atacante e estão a ser penalizadas com 2 min...enfim, até posso vir a mudar de opinião, mas eu acho que o andebol é um jogo de contacto e não me parece que esta seja o melhor caminho...
um abraço!

Carlos Capela disse...

Mas a equipa que fez isso merece essa vaia! :)

Sem dúvida que o andebol é um desporto de contacto, e que ele é o sal que lhe dá aquele saborzinho diferente do de todos os outros desportos.
Não vou opinar ainda acerca dessas situações porque primeiro quero ouvir o que têm para me dizer. Falar antes das reciclagens pode levar a erros meus. Já me exponho aqui o suficiente sem errar, se errar é um Deus me acuda! :)

Anónimo disse...

Gosto deste espaço pois permite comunicar sobre a modalidade e mais especificamente sobre as regras nao abunda pela nossa blogesfera.

Tenho algumas duvidas que gostava de ver esclarecidas.

1 # Ultimo minuto Equipa A marca golo que empata jogo num encontro em que a diferenca de golos e mais importante (eliminatoria). Jogador da Equipa A impede guarda-redes de colocar bola no meio campo para saida central rapidamente impedindo desta forma uma clara oportunidade de golo. Que assinalar? Nota: Apos golo jogo esta "parado" o guarda redes quando sofre a accao do jogador ainda tem a bola na mao

2 # Mesma situação mas neste caso jogador equipa A faz falta ostensiva impedindo situação de golo apos reposicao de bola. Que assinalar? Nota: Apos golo a bola foi reposta e so depois disso foi feita falta.

Agradecido!

Carlos Capela disse...

Agradeço as suas palavras. O objectivo deste espaço é mesmo esse: colmatar uma lacuna. Se tudo no andebol é motivo para conversa, discussão e esclarecimento, por que não fazer o mesmo com as regras?

Respondendo às suas questões:

1) Jogador que impede a reposição: Desqualificação
Sanção técnica: lançamento de saída ao meio campo, porque o jogo estava, como disse, "parado".

2) É preciso saber qual é efectivamente essa "situação de golo". Considerando, efectivamente, que é uma "clara oportunidade de golo", a resposta é:
Jogador faltoso: Desqualificação
Sanção técnica: Livre de 7m

Espero ter ajudado.

Anónimo disse...

Muito obrigado pelo esclarecimento.
A dúvida era mesmo essa, a diferença da sanção técnica dependendo, claro está, da bola em jogo ou não.