Tenho tido uma grande quantidade de trabalho, o que aliado a alguns problemas pessoais, tem impedido a actualização deste blogue.
Mais do que nunca, este post é acima de tudo a expressão de uma opinião pessoal. Já há algum tempo era para escrever sobre isto, mas desta vez tornou-se premente, porque houve o somatório de muitas conversas com os meus amigos, somado também à intervenção do Pedro Henriques no último Domingo.
Falo sobre estilos de arbitragem.
Não se pode pedir que todos os árbitros tenham o mesmo estilo na condução de um jogo. Isso seria pedir que todos os líderes de grupos ou empresas tivessem o mesmo estilo de liderança, pedir que todos os estudantes estudassem da mesma forma, ou todos os docentes ensinassem os seus alunos da mesma maneira. Isso é impossível. Cada pessoa tem a sua maneira de ser, a sua personalidade, e isso reflecte-se na actividade que cada um desenvolve no seu dia-a-dia. No caso da arbitragem, uma vez que além de juízes, somos também gestores de emoções e condutores de um jogo, isso toma proporções um pouco maiores.
Pessoalmente, prefiro um estilo low profile em campo. Acho que quem tem de brilhar são os jogadores e não nós. Acho até, que só devo aparecer quando é estritamente necessário, já que demasiada discrição pode ser confundida com ausência. Nem sempre consigo, é certo, manter o low profile ou só aparecer nas alturas certas. E esses são os jogos que, por norma, me correm menos bem.
Tenho colegas que preferem aparecer. Não por sede de protagonismo, mas apenas que entendem que é assim que seguram melhor um jogo! Isso é mal entendido muitas vezes pelas pessoas...
Consideram que uma actuação um pouco mais "agressiva" é o ideal. É a sua forma de estar, tão respeitável quanto a minha.
Consideram que uma actuação um pouco mais "agressiva" é o ideal. É a sua forma de estar, tão respeitável quanto a minha.
Há muitos exemplos que se podem dar... Eu prefiro sancionar de forma menos agressiva, a não ser que o jogo me exija outra postura. Outros colegas preferem manter sempre essa bitola um bocado mais alta. São apenas estilos...
Parte desta conversa com os meus amigos (também aprendo com eles) surgiu pela forma como o Pedro Proença mostrou um cartão amarelo num dos últimos jogos que fez (penso, até, que foi o FCP - SLB), em que foi a correr para o jogador e exibiu o cartão com vigor. Muita gente achou aquela atitude exagerada. Talvez seja, mas a nossa função é tão complexa que até no simples gesto de exibir um cartão amarelo podemos segurar um jogo ou, ao invés, podemos ser criticados e acirrar ânimos.
As pessoas esquecem-se que nós não somos cubos de gelo. Temos emoções, sentimentos, problemas pessoais e profissionais. O ideal é deixá-los sempre, e totalmente, no balneário, mas quem consegue isso? Com franqueza, ninguém! E a permanente pressão da decisão pode levar-nos a um ou outro exagero, ou a um ou outro falhanço por omissão. É normal! Temos personalidades distintas, e isso reflecte-se nas nossas actuações, no nosso trabalho!
Aos árbitros não se pede que apitem todos de igual forma. Não se pode pedir ao Capela que apite igual ao Eurico, igual ao Duarte, igual ao Ramiro ou igual ao Trinca! Nem entre a própria dupla os estilos são iguais, quanto mais fora...
O que se nos pede é que APLIQUEMOS OS MESMOS CRITÉRIOS, de jogo para jogo, igual em todas as duplas... pelo menos igual a todas as duplas colocadas no mesmo nível. Temos de lutar e trabalhar para aplicar o passivo da mesma forma, para assinalar com igual critério as faltas atacantes, para nos adaptarmos da mesma maneira às novas condicionantes das lutas dos pivots...
Não é humano exigir que tenhamos todos o mesmo temperamento e que reajamos da mesma forma às incidências de cada partida.
7 comentários:
Sr. Eng.,
penso que já estaria à espera que alguém lhe perguntasse o que lhe irei perguntar, mas, mesmo assim, lá vai:
1º) Qual é a sanção, se houver, caso o capitão de equipa, em algum momento de jogo, atire fora a braçadeira, num evidente acto de falta de respeito à dupla de arbitragem?
2º) No mesmo jogo, o capitão de equipa entrou, posteriormente, para o jogo, sem braçadeira (ou qualquer coisa que possa ser assim interpretada), sem que a mesa, o delegado ao jogo e a dupla de arbitragem terem dado pela falha.
Há alguma sanção por essa falha?
3º) Abstenho-me de mencionar qual foi o jogo em concreto, pelas razões óbvias ...
Por falar nisso, os seus colegas, na minha opinião, na generalidade, estiveram bem, num jogo que ficou tremendamente complicado na 2ª parte. A única falha que vi foi mesmo a do capitão ter entrado sem braçadeira. Mesmo assim, se estivesse na pele deles, pediria o vídeo do jogo, pois é em jogos como estes que se melhora a experiência, e que se pode verificar a existência de erros de pormenor.
Não sou como o analista de arbitragem do Banhadas, que parece que vê mais o que a dupla de arbitragem faz do que o jogo propriamente dito. Quando vejo andebol, é para ver no seu todo.
Esteja à vontade. Não fiz este comentário para o indispor seja contra quem for. Se optar por não publicar, tudo bem na mesma.
Olá, Jorge.
Publico os seus comentários porque você sempre foi correcto com as pessoas (comigo e não só), respeita as regras/pedidos que faço de não menção a nomes e quando assim é, não vejo por que não publicar.
Percebo a questão que me coloca.
Só lhe peço que compreenda a minha "não resposta" à 1ª questão, pelos motivos óbvios. Claro que tenho opinião, mas publicamente não posso comentar determinadas situações.
Mas não há qualquer sanção para o jogador que entre sem braçadeira. Nem tão pouco poderíamos andar permanentemente a verificar se ela sairia ou não do braço do capitão!
Sr. Eng.,
claro que compreendo a sua "não resposta" à 1ª questão. Na minha opinião, a situação merecia vermelho directo, porque parece ser uma atitude de desrespeito para com os árbitros, adversários e público, atitude essa sublinhada com um par de pontapés às coisas mais próximas.
Quanto à 2ª situação, as regras não obrigam a que o capitão esteja claramente identificado como tal?
Se não obrigam, na minha opinião deviam. Caso não estivesse identificado claramente como tal, deveria ser castigado pela mesma regra que impõe cabelo apanhado ou curto, que impede a entrada de objectos que podem magoar o adversário, etc ...
Atenção que não acho que tenha sido culpa dos árbitros a situação criada, pois existe um delegado para ver estas coisas, entre outras.
Esclareço a minha posição acerca da braçadeira (ou outra identificação inequívoca) do capitão de equipa:
Se não houver capitão de equipa claramente identificado, quem é que é chamado para a decisão do "campo e bola"?
Nas mesmas condições, e após uma série de jogos seguidos num fim-de-semana, como é que os árbitros, no meio desse jogo, sabem que aquele praticante que lhes está a falar é o capitão de equipa?
Dantes (não sei se as regras continuam assim), caso o árbitro verificasse a existência duma falta que poderia ter sido cometida por 2 ou mais elementos da mesma equipa, não tendo o árbitro a certeza de qual tivesse sido o praticante infractor das regras, o livro de regras mandava castigar o capitão, mesmo que este estivesse longe do local da falta.
Isto acontecia mais quando só estava um árbitro presente, que normalmente assume posição ao longo da linha de meio campo, e que apercebia-se da falta na área sobre o pivot para 2 minutos, não sabia ao certo qual dos defesas tinha feito a falta, e, vai daí, quem levava com os 2 minutos era o capitão (que até poderia estar a defender na ponta, ou ser o GR).
Todas estas situações são situações em que é necessário que haja um capitão claramente identificado como tal.
Para não falar que a braçadeira de capitão é um símbolo que deve ser respeitado por todos. Não é qualquer um que é capitão de equipa. Ou melhor, não deve ser ...
Sr. Eng.,
Fora de tópico:
Segundo Christer Ahl, há problemas na arbitragem de andebol na Ásia.
Na sequência da inacreditavelmente má arbitragem num certo jogo dos Asian Games de 2008 que foi muito comentada na altura entre selecções masculinas (mais pormenores, ver http://www.youtube.com/watch?v=NlwLZliSVKE&feature=related), a IHF interveio, banindo os 2 árbitros em causa, e nomeando supervisores externos para as competições asiáticas que apurassem equipas para Mundiais e/ou Olímpicos.
Pois parece que, nos Jogos Asiáticos deste ano (competição essa que, como não apura para Mundiais e/ou Olímpicos, não tem supervisão da IHF), um dos árbitros banidos em 2008 esteve a apitar um dos jogos.
Inacreditável! Lamentável! Não sei como é que a IHF vai fazer, mas estes tipos da Confederação Asiática têm de ser corridos!
Mais pormenores em:
http://teamhandballnews.com/news.php?item.1136
Buscando mais a fundo no Team Handball News, encontrei um comentário do mesmo Christer Ahl em jeito de balanço sobre a aplicação das regras que mudaram em 2010.
Mais pormenores em:
http://teamhandballnews.com/news.php?item.1134
Desculpe a demora na resposta.
Vou responder a esta questão com um post já de seguida.
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