sexta-feira, 19 de março de 2010

ATACANTE OU CONQUISTA DO ESPAÇO

Hoje falo um pouco do conceito de falta atacante.

Deixando um pouco o precioso livro de regras de parte, o que é que pode ser considerado falta atacante? Que definição lhe damos?

Na minha opinião, a falta atacante é a tentativa de ocupar um espaço já ocupado por um elemento da equipa adversária. Claro que se ambos os jogadores estiverem em movimento, não podemos considerar o espaço ocupado pelo defesa como "conquistado". Aqui, excluo o caso em que o defesa recua. Ou seja, tentando exprimir-me de outra forma, no caso em que leva com o atacante em cima mesmo que esteja a fugir dele. Aqui deve haver lugar a falta atacante.

Analisemos duas imagens:

O que temos nesta primeira imagem? Um ataque e uma defesa peito com peito, a intenção de ganhar o espaço através da finta, e a intenção de o defender dentro das regras.

O que mostra a segunda imagem? Uma atacante a forçar claramente a entrada (aos 6m, suponho), com um dos sinais mais claros de falta atacante (ombro à frente), tentando conquistar o espaço de forma claramente ilegal.

Há situações em que é extremamente difícil julgar a falta atacante, e nem a experiência por vezes permite o bom juízo das situações. Mas este é o meu conceito de falta ofensiva.

12 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde e muitos parabéns pelo espaço de divulgação e livre participação...o tema das faltas atacantes é pertinente e aliado ao critério disciplinar é onde as duplas de arbitragem mais parecem ter dificuldades em manter um critério uniforme em toda a partida ou de partida para partida...percebo também a dificuldade no julgamento, e sobretudo encontrar imagens para o ilustrar...
Mas, já que a pergunta é feita, o que vejo eu na 1ª imagem? Vejo um atacante que consegue passar o seu braço esquerdo pelo defesa, aproveitando para ganhar impulso com o seu cotovelo na cabeça do defesa e com a sua mão direita parece tentar puxar o defesa em sentido contrário ao seu movimento...depois, da parte do defesa não consigo ver-lhe a intenção, mas vejo a mão esquerda claramente a agarrar o tronco do atacante...peito contra peito? Na melhor das hipóteses, peito contra ombro...
Eu defendo habitualmente nas posições de lateral, e todos, mas todos os atacantes, mal passam o braço usam a cotovelada não só para ganhar impulso, mas por vezes para magoar...nunca viu tal acontecer? Outra das situações que identifico como habitual nestes 1 para 1 e que os árbitros não colocam a possibilidade de acontecer (mas acontece e muito) é a situação do atacante agarrar o defesa para cair, forçar uma exclusão ou bloquear o defesa em caso de cruzamento aos 9m...pergunto: já alguma vez assinalou falta do ataque quando um atacante usa o cotovelo para acertar na cabeça do defesa ou quando este fica agarrado por acção do atacante?

Carlos Capela disse...

Boa noite.
Antes de mais, agradeço a participação.
A falta atacante é, de facto, um dos aspectos mais difíceis de julgar. Se as situações não forem daquelas clamorosas, torna-se complicado ajuizá-las sempre correctamente.
Não serei tão "radical" em relação àquilo que se vê na 1ª imagem. Sendo uma imagem estática, poderemos ter várias leituras, inclusive aquela que refere. A minha intenção foi apenas ilustar um contacto que apelido de "normal" num jogo de alta competição. Gosto do andebol viril, com contacto, mas dentro de certos limites, evidentemente. É mais fácil falar de situações genéricas, como aquelas que refere.
É normal os jogadores de cada posição específica usarem de estratagemas para ganhar vantagem (muitas vezes ilegalmente) sobre os seus opositores. Cabe aos árbitros avaliar a (i)legalidade de cada acção. Contudo, não me parece que, como diz, "todos" os atacantes usem o cotovelo. Alguns fá-lo-ão, outros não.
Parece-me bem mais usual o "prender de braço" para forçar a sanção, e isso é muito mais difícil de detectar do que parece, especialmente para os árbitros mais jovens e mais inexperientes.
Já assinalei várias atacantes por estas situações, mas é preciso ver que a esmagadora maioria das vezes, quando o atacante prende o braço ou usa o cotovelo, isso acontece já depois de sofrer uma falta do defesa.
Poder-se-á atribuir uma sanção ao atacante se houver jogo mais violento? Talvez. Mas se a 1ª falta foi do defesa, não é possível assinalar atacante.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

1º) este tema parece-me difícil de ajuizar, especialmente quando estão muitas pessoas próximas do lance.

No entanto, sempre me pareceu, espero não estar errado, que a noção de falta atacante seria muito próxima da noção de ver o atacante a bater "contra uma parede".

2º) No sábado, fui ver um jogo, onde pareceu-me que houve demora excessiva de saída do recinto de jogo por parte das pessoas encarregues de limpar o recinto após queda dum jogador.
Caso o árbitro perceba que está a haver uma estratégia deliberada por parte destas pessoas (que, normalmente, são a favor da equipa da casa) em atrasar o reinicio do jogo, que acções pode o árbitro tomar nestes casos?

3º) Outra situação que vi foi a assistência médica a um jogador que ficou deitado, meio corpo dentro do campo, e a outra metade fora.
Será que o árbitro não pode (com bom sendo, claro) dizer ao jogador que saia do campo para receber assistência?
Na posição em que ficou, o jogador atrapalhava o desenrolar da partida.

4º) Terá, ainda, razão de ser a zona de substituição de jogadores ser tão curta?
Porque não estender essa zona de substituição a toda a linha lateral (como, salvo erro, faz o basquetebol)?

Carlos Capela disse...

Boa noite, Jorge.
Respondendo-lhe por partes:

1) Sim, a falta atacante é um conceito difícil de ajuizar. Isso de bater contra uma parede é verdade, mas apenas em parte. Ou seja, só é válido em algumas situações. É que às vezes as paredes mexem-se... :)

2) O árbitro não pode agarrar nas pessoas e colocá-las fora do campo. Na melhor das hipóteses, poderá solicitar a boa intervenção do Director de Campo junto dessas pessoas e/ou mencionar situações anómalas no Relatório do Jogo.

3) Claro que não se deve permitir a assistência a um jogador com meio corpo dentro do campo, com o jogo a decorrer. No limite, é um 8º elemento dentro do jogo...
Dou-lhe o exemplo do meu jogo no passado Domingo. Uma atleta acusou problemas musculares na parte final do jogo, e após eu permitir um curto período de assistência, pedi à atleta que ao menos saísse do campo para que o jogo pudesse continuar. Ela acatou o meu pedido e saiu.

4) Não concordo consigo quanto à zona de substituição ser curta. 4m50 para cada lado parece-me ser suficiente. Além disso, como seria possível a mesa controlar substituições irregulares? Já pensou que isso alteraria todo o conceito do andebol de pavilhão, e que isso quase iria parecer andebol de praia, em que há sempre um elemento pronto para entrar a defender?

Jorge Almeida disse...

Pessoalmente, não vejo mal nenhum nisso nessa inovação do andebol de praia, e que o basquetebol também tem.

O controlo do oficial de mesa far-se-ia na mesma. Não me parece que os oficiais de mesa do andebol de praia não consigam controlar substituições irregulares, senão mais valia acabar com essa regra mesmo no andebol de praia.

Acho-a curta porque isso gera, sempre, em alturas de substituição defesa-ataque, um trânsito digno de "hora de ponta" junto, precisamente, à mesa, ainda por cima reforçado pela presença do treinador da equipa que está a atacar (tendencialmente presente nessa zona para estar mais próximo dos seus atletas dentro do campo). Essa aglomeração de gente repentina é que me parece que impede o oficial de mesa de ver se algum dos substitutos entrou em campo antes dos substituídos saírem.

Compreendo a sua resposta em relação ao pessoal que não está em jogo e demora a sair do terreno de jogo. No entanto, isso desestabiliza a equipa que quer recuperar no marcador. Acho que as regras deveriam dar mais poder aos árbitros nesse sentido, nomeadamente ser possível excluir por 2 minutos um jogador da equipa que está a beneficiar da situação, tipo o capitão de equipa, por exemplo. Sei que esse jogador até nem terá culpa directa no sucedido, mas penso que, com uma medida destas, nenhuma equipa iria pensar em abusar em situações deste tipo.
Tem de se fazer tudo para que as equipas percebam que estão lá para jogar andebol, e não para andar a fazer passar o tempo.

Carlos Capela disse...

Em relação à linha, confesso que eu, pessoalmente, não veria essa alteração com bons olhos... iria prejudicar o espectáculo, porque retiraria uma das coisas mais espectaculares do andebol, o contra-ataque. Assim que a equipa no ataque perdesse a bola, iria logo sair um elemento no ataque para entrar outro junto à defesa. Já para não falar de quão pior isso seria para a equipa de arbitragem...

Quanto à outra questão, confesso que não passei por nenhum caso de abuso excessivo (passo o pleonasmo) dessa demora. Normalmente, com uma intervenção dos árbitros as coisas resolvem-se. Além de que essas pessoas só entram em campo quando os árbitros entendem ser verdadeiramente necessário...

Anónimo disse...

tenho uma pergunta.
deve o criterio do arbitro apertar da primeira para a segunda parte?
ou seja marcar mais atacantes na primeira parte do que na segunda?

jorge silva

Unknown disse...

Sr. Jorge, devo dizer que mais uma vez não concordo consigo (e não faço isto por mal :)) Mas acho que o Carlos tem razão, porque ao permitir trocar um jogador que está no meio campo ofensivo por outro que entre logo junto à defesa tornamos a recuperação ofensiva muito mais fácil, e aí acaba-se a motivação para fazer contra-ataque ou ataque rápido. Além disso, não podemos comparar com a área de substituição no básket, porque aí as substituições só se podem ralizar com o jogo parado, logo são fáceis de controlar...

Carlos Capela disse...

Em condições ideais, o critério deve ser uniforme de início ao fim do jogo.
Deve ser estabelecida uma linha que indica o permitido e o não permitido, e todos os intervenientes a devem respeitar, incluindo a própria dupla.
Mas claro que nem sempre isso acontece.

Jorge Almeida disse...

Sr. Aníbal, faça favor de opinar.

Esta questão da zona de substituição surgiu-me porque comecei a pensar o que seria do jogo sem a zona de substituição. No fundo, um questionar do porquê das regras serem assim. Lançar o debate ...

Concordo que o jogo não seria o mesmo. Melhor? Pior? Não sei. Não sou assim tão peremptório como você e o Sr. Eng. parecem estar a ser neste assunto.

Repare que no andebol de praia, as substituições defesa-ataque fazem-se sem o jogo estar parado. Não se sente essa necessidade. E o controlo do oficial de mesa faz-se. Senão, já tinham alterado a regra.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng.,

também nunca vi nenhuma situação dessa, valha a verdade.

O que aconteceu é que dei por mim, no meio dum jogo de Seniores Masculinos que vi recentemente, não na demora da limpeza propriamente dita, mas na saída dessas pessoas do terreno de jogo (estilo Rui Costa naquele Alemanha - Portugal de Seniores Masculinos de Futebol em 1997 no Estádio Olímpico de Berlim). Pus-me a pensar no que é que aconteceria se essa pessoa demorasse ostensivamente a sair do terreno de jogo, e daí a pergunta que lhe fiz antes.
É que esse jogo teve algumas dessas paragens, e essas paragens tiveram saídas do terreno de jogo em que a pessoa "pedia licença a uma perna para avançar a outra".

Carlos Capela disse...

Nem me fale dessa do Rui Costa, que me dá já uma coisinha má! Esse foi um caso de excesso de zelo, ou pelo menos quero acreditar que foi. O Rui Costa demorou 27seg e a compensação recomendada aos árbitros para cada substituição é de 30... não houve qualquer infracção do Rui Costa.

Mas nessa situação que refere, nada impede que se peça à pessoa para estugar o passo. Com certeza essa pessoa compreenderá.