sexta-feira, 5 de março de 2010

DISTÂNCIA DOS 3 METROS

As últimas questões colocadas no blogue dizem respeito à situação em que os defensores não respeitam a distância mínima de 3 metros na execução de lançamentos.

Apresento dois casos distintos, que servem de exemplo ao que vou dizer a seguir.

CASO 1

Golo da equipa A. Um jogador da equipa B vai repor a bola ao meio campo, vê um jogador adversário distraído e vai lá de propósito tocar-lhe com a bola para tentar arrancar uma exclusão.

CASO 2

(e transcrevo o comentário deixado no post anterior...)

"A atleta da Equipa A vai em contra ataque, faz passos e assinala-se a falta. Uma atleta da equipa B prepara-se para seguir a bola no local da falta mas a atleta da equipa A tenta fazer bloco dentro do seu raio de 3 metros (entre os 2 e os 3 mas não aos devidos 3). Nesta situação devemos mandar repetir o lance apenas ou mandar repetir o lance e aplicar sanção progressiva?"

As regras são claras e dizem que os defensores, aquando da execução de um livre devem estar a uma distância de 3 metros. Mas para tudo é preciso um pouco de bom senso. Se no primeiro caso não me parece que o jogador seja excluído (não generalizando, pois há casos e casos!), no segundo essa atleta tem de vir descansar 2 minutos, uma vez que a intenção de interferir é clara... A regra refere o seguinte:


15:9 (...) os jogadores defensores que interferem com a execução de um lançamento dos adversários, por exemplo ao não ocupar inicialmente uma posição correcta ou movimentar-se posteriormente para uma posição incorrecta, deverão ser sancionadas disciplinarmente. Isto aplica-se sem ter em conta se ocorre antes da execução ou durante a mesma (antes de a bola ter abandonado a mão do executante). Também se aplica independentemente de o lançamento ter sido precedido de apito ordenando a sua execução ou não. (...) Um lançamento que foi afectado negativamente por interferência de um defensor deve, em principio, ser repetido.

Ou seja, não só o lançamento deve ser repetido, como a atleta tem de ser sancionada.

4 comentários:

Anónimo disse...

Tenho de lhe agradecer por ter feito este post após a colocação da minha dúvida. Tenho de lhe agradecer também o fabuloso blog que nos proporciona facilidade a aprender a nossa dificil tarefa da arbitragem, especialmente a nós jovens árbitros durante a nossa formação.

Carlos Capela disse...

A melhor forma de agradeceres é continuares a participar e a colocar as tuas dúvidas. É que as tuas dúvidas podem ser as dúvidas de muitos outros, e eu próprio também ganho com isso porque nem sempre estou 100% correcto.

Como sempre disse e mantenho, este é um espaço de todos e para todos.

Vejo que és um árbitro jovem. Podes contar comigo e com este espaço para deixares as tuas dúvidas.

Um abraço.

Anónimo disse...

Sim, sou um árbitro jovem e com pouca experiência porém já sou chamado a muitos jogos de campeonato nacional e a campeonatos regionais dos mais altos escalões e por vezes torna-se dificil concretizar a nossa tarefa com o mínimo erro possível quando não existe nenhum apoio aos árbitros jovens a nível de formação e mais ainda quando a questão idade se põe no meio. Muito esforço, suor e dedicação mas errar é humano e os árbitros não são deuses para não errarem por isso aconselho sempre aos meus colegas que se é isto que querem têm de se esforçar e trabalhar muito para terem sucesso.
Quanto a novidades, ontem assisti a uma actuação não diria muito fraca mas que demonstrava que não estavam habituados a actuar juntos e claramente que duvidavam das decisões que eles próprios tomavam em diversos lances, um dos lances que diriamos polémico mas que em nada interferiu a nível de jogo foi quando um guarda-redes ficou aleijado e a sangrar da boca depois de ter defendido com sucesso a bola. Mas devido à sua lesão demorou a repor a bola e avisou claramente a dupla que em vez de interromper o jogo marcou jogo passivo o que levou o jogo a tornar-se claramente pesado para a arbitragem. Pesado porquê? Pesado porque o publico levantou-se todo, os oficiais do clube em questão levantaram-se todos do banco protestando a situação e no fim o árbitro para o tempo de jogo e dá duas sanções ao banco. O mais engraçado é que o outro árbitro foi até ao guarda-redes e pediu desculpa por não o ter visto lesionado.
Conclusões, a aplicação de sanções ao banco acho que foi a mais apropriada devido que não interromperam o jogo de forma apropriada porém foram dadas de forma rude sem compreender a situação. Muita gente fica naquela dúvida se o árbitro pode falar e o que pode falar com os oficiais de clubes, sim podem falar mas sobretudo mostrar respeito por eles e compreender o trabalho deles, não a ser rude como aconteceu.
Errar é humano e saber admiti-lo é meio caminho para o perdão.

Hoje deixei aqui esta experiência porque por vezes existem situações em que as emoções crescem e não nos podemos deixar levar por elas em campo.

Um abraço

Carlos Capela disse...

Não sei quem és nem a tua idade. Mas sei que já revelas muita maturidade na forma como encaras a tua função. E por isso te dou os meus parabéns, muito sinceros.

Como eu sempre digo, o melhor árbitro não é o que não erra. É o que erra menos! O que todos nós temos de ter é capacidade de admitir (nem que seja para nós próprios!) os nossos erros em campo, e encontrar forma de os superar. Quantas vezes sabemos que tomámos a decisão errada no momento em que ainda estamos a apitar... só a experiência ajuda a corrigir isso, mas só atenua, não elimina de todo a existência de impulsos. Por isso deves estar sempre com o apito na mão, com a mão em baixo, porque o tempo de levar o apito à boca pode ser suficiente para travar e conseguir dar uma boa lei da vantagem, por exemplo... :)

Eu defendo que se gere melhor um jogo se formos comunicativos com os outros intervenientes. Claro que não vamos levar para o campo um baralho de cartas e umas minis, mas por que motivo não havemos de falar? Não somos autistas!
Não ponho de parte um "desculpa, precipitei-me" da nossa parte, desde (CLARO!) que seja ocasional. Muito menos excluo a possibilidade de explicarmos de forma breve a nossa visão dos lances. Às vezes dá, outras não... para ti, que és mais novo e mais "desconhecido", é também mais difícil... mas nada te impede de marcares a tua posição e criares o teu estilo. Seguindo sempre as indicações que te dão, com os critérios o mais uniforme possível em relação aos teus colegas, mas com o teu estilo.

Pensares assim é meio caminho andado para o sucesso.

Um abraço.