segunda-feira, 3 de março de 2014

A VISÃO DO ÁRBITRO DE BALIZA EM LANCES DE GOLO

No meu post anterior, um dos comentários foi:

"Já estive em campos em que a largura do poste não corresponde à largura da linha de baliza."

Ora bem, ambas as larguras estão definidas no livro de regras e, se não coincidem em alguns campos, deveriam. Ambas deverão ter 8 cm. O que deve ter sempre uma medida diferente é a linha de saída de baliza.
Vou transcrever as passagens do livro de regras onde isso está escrito.

1:2 Os postes da baliza e a barra transversal deverão ter uma secção quadrada de 8 cm.

1:3 Todas as linhas do terreno de jogo são parte integrante do mesmo. As linhas de baliza devem ter 8 cm de largura entre os postes da baliza (ver Figura 2a), e todas as outras devem ter 5 cm de largura.

O facto de a largura do poste e a da linha serem iguais é precioso para facilitar precisamente a leitura dos lances sobre a linha de golo, uma vez que a largura da linha entre os postes é diferente.

"Para cima" na imagem é a baliza.
Vemos que a linha entre os postes é mais larga, e que os 3 cm de diferença estão no sentido do campo.
Também vemos que a parte de trás do poste está alinhada com as outras linhas o que, por consequência, faz com que o poste esteja também 3 cm para dentro do campo. E é assim que deve estar!

Ok, para muitos isto será um preciosismo. Vou a seguir dizer por que não é.

Para o provar, não mexi no poste e coloquei uma bola que claramente não ultrapassa completamente a linha de golo. Com o poste corretamente posicionado, podemos verificar que a bola não entra:


Agora vamos mexer na baliza e arrastar o poste um bocadinho para dentro do campo. O árbitro de baliza, que muitas vezes tem de ajuizar rapidamente um lance em que a bola bate naquela zona, vai ver isto:


O que é que o árbitro vai assinalar? Golo! E é? Claro que não! Mas alguém o pode culpar por isso? Evidentemente que não...

Vamos agora ver o caso inverso, em que o poste está mal colocado, estando alinhado pela parte da frente da linha de saída de baliza (fora dos postes). Esta imagem mostra o que NÃO PODE acontecer:

Mais uma vez, fui colocar uma bola junto ao poste. Como se pode ver, este posicionamento da bola daria golo, uma vez que a bola ultrapassa completamente a linha:

De seguida, fui tirar a visão do árbitro de baliza, neste caso:

Se o árbitro de baliza tiver de avaliar num só momento, um lance em que a bola bate naquela zona, vai assinalar golo? Não! E é? Claro que é! E alguém o pode culpar? Evidentemente que não...

Estes lances são de muito difícil análise por si só. A má colocação dos postes só piora a situação. Espero, com este post, ter contribuído para mostrar o "lado de cá" deste tipo de situação.

PS: No outro dia, validei um golo em que a bola bate claramente dentro e, com o efeito, acaba por sair. Da bancada estavam a dizer que isso contraria as leis da física... Pergunto: nos golos em efeito, tipicamente as roscas dos pontas, não acontece o mesmo? Enfim...

5 comentários:

Anónimo disse...

Apenas, na minha opinião falta esclarecer, que não devem existir jogos, onde as balizas não estejam devidamente fixas ao solo, pois além de defenderem a integridade fisica dos praticantes, evitaa esta situações Regra 1.2, com um abraço do sempre amigo

Henrique Silva

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng., compreendo a mensagem e os problemas identificados, especialmente quando a bola bate na barra com violência, bate no chão, e o GR tira a bola em cima da linha da baliza com a bola no ar. Mas, em minha opinião, os próprios árbitros podem detectar e trabalhar para evitar as situações por si descritas.

Os árbitros devem verificar a colocação da baliza face à linha de baliza antes do jogo começar, não é só verificar as redes da baliza, como vejo na maioria das vezes acontecer. Se descobrirem qualquer situação fora da conformidade, é tentar corrigir por si mesmos. Se não conseguirem por si mesmos, é chamar o responsável pelo campo. Se a situação mesmo assim não ficar resolvida (nomeadamente nos casos da baliza estar presa ao chão por razões de segurança, e o responsável pelo campo não ter maneira de a mover), parece-me que deve ser relatada em relatório, para que as instâncias superiores fiquem a saber da situação.

Caso desconfiem da largura da linha de baliza, os árbitros devem pedir ao responsável pelo campo para este medir a largura da linha. Caso as desconfianças passem a certezas que a coisa não está bem, há que relatar no relatório, de modo a que a FAP (que tem o poder de homologação dos recintos, não esquecer disso) actue em conformidade. A não ser que tenham uma lata de tinta no carro da cor da linha de baliza, e consigam resolver essa situação logo ali.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng., depois de ler o meu comentário anterior, verifiquei que ele pode ser interpretado como impertinente e de estar a meter-me onde não sou chamado.

Não foi essa a minha intenção.

No entanto, pelo que vejo, quando os árbitros vão inspeccionar as balizas, na imensa maioria dos casos, vejo-os muito mais preocupados com as redes que com os pormenores da sua mensagem. É raro ver os árbitros testar o ângulo de visão da linha de baliza de modo a ver os pormenores a que chamou a atenção.

Atenção que já nem falo noutros pormenores, tipo dimensão da baliza, dimensão da área de baliza, etc ... Mas, se tiverem desconfianças, parece-me que devem averiguar. Tudo para que a equipa de fora depois não venha a publico criticar a dupla de arbitragem por este tipo de coisas, como já vi aqui há uns anos num certo jogo na PO10 ...

Carlos Capela disse...

Henrique, concordo parcialmente consigo!
De facto, se as balizas estiverem devidamente presas ao solo, estas situações não acontecem.
Por outro lado, a regra 1:2, coloca a hipótese de as balizas estarem presas às paredes atrás das balizas.
Assim, evita-se que elas caiam, mas torna possível estas situações de "postes fora do sítio"...
Um grande abraço.

Carlos Capela disse...

Jorge, não é preciso testar o ângulo de visão, basta olhar para a base do poste no momento em que vamos ver as redes. Por vezes, detetamos que a baliza não está no lugar e resolvemos o problema logo ali.
Mas pense na seguinte hipótese... durante o jogo, há um contra-ataque e o jogador, depois de rematar, acaba por tocar no poste. A baliza pode mover-se um pouco. Basta não termos possibilidade de verificar isso, que a baliza pode logo ficar numa posição que nos leve ao engano num ataque subsequente.