segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

LEI DA VANTAGEM... A DOBRAR

Penso terminar hoje esta sequência de posts exclusivamente dedicada à aplicação da Lei da Vantagem.
Hoje falo dos casos em que a vantagem é dada a dobrar. Suponhamos dois casos específicos:
  1. Jogador isolado em contra-ataque, dirige-se para a baliza, e é empurrado pelas costas por um defesa. Apesar do contacto, o atacante mantém o equilíbrio, dá 3 passos e remata ao lado.

    Decisão errada: marcação de livre de 7m.

    Decisão correta: lançamento de baliza e sanção disciplinar ao jogador que empurra.

  2. Pivô recebe a bola aos 6m e está em posição de remate. Recebe um toque lateral ligeiro, que não o desequilibra, permitindo que o remate seja efetuado em perfeitas condições, mas prefere cair na área com a bola na mão.

    Decisão errada: marcação de livre de 7m.

    Decisão correta: lançamento de baliza e possível sanção disciplinar ao jogador que dá o toque.
Penso que estes dois casos permitem ilustrar aquilo que quero dizer. A explicação para ambos é semelhante.
Apesar das faltas sofridas, ambos os atletas atacantes têm perfeitas condições para continuar os respetivos lances, pois o equilíbrio de ambos não é alterado.

A "primeira" vantagem dada pelo árbitro é precisamente a permissão da continuidade de um determinado lance, numa situação bastante mais favorável para os atacantes do que para os defesas infratores. ESTA é a verdadeira lei da vantagem, a não interrupção de um lance mais favorável a quem sofre as faltas, e o consequente não benefício do infrator.

A "segunda" vantagem é a marcação do livre de 7m. Esta é a lei da vantagem mal aplicada. O jogador já teve oportunidade de continuar a jogada, já teve oportunidade de rematar e fazer golo! Possíveis sanções disciplinares vêm depois, quando se interromper o jogo! Esta "segunda" vantagem é errada e não pode acontecer.

Resumindo, situações de "dupla vantagem" são erradas e um erro de julgamento do árbitro.
A vantagem está dada com a não interrupção de uma clara oportunidade de golo (nestes casos), ou da sequência normal de jogo. Ao não aproveitarem a vantagem dada pelo árbitro, seja porque o atleta se deixou cair, porque falhou o remate ou o passe, porque deu passos depois, ou por qualquer outro motivo, após manterem o equilíbrio, o árbitro não deve assinalar "a falta que ficou para trás", e cuja consequência técnica morreu com o equilíbrio do atacante. As consequências disciplinares devem ser sempre mantidas.

10 comentários:

Anónimo disse...

A vantagem dessas situaçoes é sempre dada para quem praticou a falta, na minha prespetiva se forem estes os criterios. um jogador que faça 55 minutos de jogo esta cansado,sai em contra ataque recebe um empurrao pelas costas tem que fazer o esforço de manter equilibrado para tentar o remate, falha premiou-se quem fez a falta, mesmo sofrendo a sançao disciplinar. O pivot sofreu um "ligeiro toque" - Falta. se nao rematar da-se a bola a outra equipa (devia marcar a 1 falta) porque o subjetivo é saber o que é um pequeno toque e mais, sera que vai haver criterios igual para as duas equipas se de um lado tivermos um pivot com 1,50 mt com 60 kgs e do outro 2,00 mt com 120 kgs (passe o exagero)?? pelo que foi aqui explicado é preferivel ter um pequenino a pivot porque um pequeno toque passa a ser um granade toque ;) e estas situaçoes acontecem muito mais do que se pensa

Carlos Capela disse...

O andebol é um desporto de contacto, e qualquer jogador tem de estar preparado para isso. Se um jogador não tem capacidade para aguentar contactos ligeiros, então não está preparado para jogar andebol.

Não concordo, de todo, com a sua perspetiva.
Pessoalmente, acho que uma situação de contra-ataque bem mais perigosa do que um livre de 7m, or exemplo! Acho um remate aos 6m, em jogo corrido, bem mais perigoso do que um livre de 7m!
Logo, a partir do momento em que um jogador está em perfeito equilíbrio, apesar do contacto que sofre, continua em vantagem.

Em relação às diferenças de envergadura, as regras são as mesmas para ambos os lados. Claro que o mais forte vai aguentar contactos mais fortes também. No entanto, isso não quer dizer que se permita tudo sobre esse jogador...

Anónimo disse...

Extra tema.
Sou simplesmente um espectador assíduo da modalidade e porque lhe reconheço qualidade para me esclarecer, gostaria de lhe fazer a seguinte pergunta:
A equipa A está no ataque os árbitros levantam o braço indicando eminência de jogo passivo. Um jogador da equipa A sofre uma falta, o árbitro na sequência desta sanciona disciplinarmente com 2m num jogador da equipa B e outro da equipa A.
Os árbitros devem manter ou terminar a eminência de passivo???
Obrigado

Carlos Capela disse...

Antes de mais, agradeço a confiança que deposita em mim.

No caso que descreve, os árbitros devem terminar a eminência de jogo passivo.
A partir do momento em que há uma sanção disciplinar para a equipa defensora, os árbitros devem baixar o braço.

É uma boa questão para fazer um post nos próximos dias, até porque já não é a primeira vez que me colocam essa dúvida.

Jorge Almeida disse...

Sr. Eng., os princípios são consensuais, mas o problema vai ser a dupla de árbitros conseguir avaliar as situações, de modo a perceber se o atacante podia, ou não, seguir com a jogada.

Uma coisa é assinalar uma eventual falta defensiva no contra-ataque aos 5 minutos do 1º jogo do dia, outra é assinalar aos 55 minutos de jogo do 3º jogo do dia. O cansaço faz toda a diferença.

No pivot, como é que a dupla de arbitragem vai perceber se está a acontecer "fita"? É que o árbitro central muitas vezes está tapado por outros jogadores, e o árbitro de baliza, somente numa situação muito clara como a que colocou, é que vai ter a percepção da "fita". E situações assim tão claras não acontecem muitas vezes. Isto para não falar na questão da experiência do árbitro de baliza, que algumas vezes tem o publico logo ali ...

Anónimo disse...

Sei que o andebol é um jogo de contacto e logo ai, é o grande problema. A questão aqui como referiu é a intensidade desses contactos. E refiro me em concreto a divisoes secundarias, nessas divisoes existe uma maior diferenciaçao de estruturas fisicas entre os atletas. E a tendencia é discriminar os atletas mais fortes, varias vezes os atletas com uma estrutura maior nao pode defende, nao pode atacar e isso acontece muitas vezes. E quando se fala na evoluçao do andebol passa tambem por essa via. Como disse e bem o andebol é um jogo de contacto e tem que existir espaço para todos? concerteza,agora penso que uns dos motivos de nos ultimos anos não existir uma maior recrutamento de jogadores da 2 divisao para a 1 divisao passa pela enorme protecçao existente para um tipo de jogador em relaçao a outro: PS-Sei que existe muitas outras razoes para que não haja recrutamento em divisoes inferiores, mas para mim (e porque falamos de arbiitragem)a arbitragem tambem faz parte de um rumo para o andebol em Portugal (tem essa responsabilidade) e como existe uma estrategia para o treinador seria importante tambem que a arbitragem o tivesse nesse sentido. E a minha simples opiniao Abç e boas arbitragens

Carlos Capela disse...

Mas não podemos falar das regras consoante o cansaço ou a experiência do árbitro. Isso é uma questão para análise posterior. Todos os árbitros, estejam a fazer o 1º ou o 3º jogo do dia, tenham 1 mês ou 10 anos de experiência, usam o mesmo livro de regras e partem da mesma base para aplicação das regras e dos conceitos de jogo.
Não é fácil, concordo em absoluto. Quem anda lá dentro sabe-o muito bem. Mas o princípio a aplicar é este...
Como já disse em cima, continuo a achar muito mais perigoso um remate aos 6m ou em contra-ataque do que um livre de 7m, pelo que o jogador que fizer "fita", como lhe chama, só se estará a prejudicar e à sua equipa.

Carlos Capela disse...

Sem dúvida que o andebol das divisões secundárias tem caraterísticas completamente diferentes. Isto não é dizer bem nem mal, é dizer a realidade. Normalmente, é um andebol mais físico, mais forte e menos técnico.
Não podemos discriminar o jogador mais forte, concordo a 100%. Por outro lado, esse jogador aguenta outro tipo de contactos. Claro que não se pode permitir uma agressividade excessiva na defesa de qualquer tipo de jogador, incluindo um jogador "pesado", mas por outro lado faz-me imensa confusão ver um jogador "com cabedal" deixar-se cair com toques leves. A dificuldade está em chegar a um equilíbrio...

Concordo que a arbitragem deve ter um rumo. As orientações e precisões transmitidas aos árbitros em Portugal são o reflexo do que vem da IHF e da EHF.
Acho que, a haver um rumo coerente para todos os agentes, cá em Portugal, teria de ser uma adaptação conjunta, e não apenas dos árbitros. É certo que nós "apenas" ajuizamos o jogo em si, mas a própria arbitragem evolui e tem tendências, e poucos técnicos pensam nisso.

Um abraço.

Anónimo disse...

O meu comentario referiu que reconheço que existe muitas e grandes responsabilidades de outros sectores como dirigentes e treinadores (o qual é o meu caso) para a existencia de uma estrategia para o nosso andebol. Mas como este espaço é da arbitragem limitei o comentario a ligaçao do assunto/arbitragem. É normal que orientaçoes sejam as das IHF e EHF faz sentido, o problema depois é que não existe nenhum trabalho interno para saber se essas indicaçoes sao as melhores para o Andebol nacional (sem que com isso se mude as regras) como referiu as arbitragem tem tendencias e evolui. Mas evolui e tem tendencias em que direcçao?? O Andebol nacional so pode evoluir se todos juntos soubermos qual é o caminho (TODOS). Existe ligaçao entre os treinadores e os dirigentes sobre tipo de campeonatos se deve ter?, existe ligaçao entre treinadores e arbitros sobre o tipo de jogador devemos ter?? Porque a tendencia de arbitragem que temos hoje vai construir o tipo de jogador e o tipo de jogo andebol que vamos ter no futuro e os responsaveis da arbitragem as vezes (penso eu) esquecem essa responsabilidade como se fosse um sector a parte da nossa modalidade. É o que penso... PS-e a mim tambem faz confusão um jogador forte fazer muitas vezes fita, mas faz-me muita mais confusão marcarem tudo e mais alguma coisa a um jogador "fraco". E depois penso se é esse o caminho, pormos o jogo mais fraco ou mais forte???? Sera se olharmos para o Andebol de elite qual é a tendencia e evoluçao?? Se olharmos para outras modalidades de contacto Basket e Ruby qual sera a tendencia?? PS2-e desculpa se mudei o assunto do tema ABÇ

Carlos Capela disse...

Peço desculpa por só responder agora.
Vou fazer um comentário geral... sempre defendi que a evolução tem de ser conseguida e concertada entre todos os agentes da modalidade. É claro que não vão ser os árbitros a decidir sobre o tipo de campeonatos que devem haver nos escalões de formação por exemplo, mas por que não ouvirem a sua opinião? É claro que não vão ser os treinadores a decidir se os árbitros devem ter uma postura de maior rigor disciplinar nos jogos, mas por que não escutar a sua opinião?
Todos os agentes do andebol têm uma opinião válida, assim ela seja bem fundamentada. O "não diálogo" conduz obrigatoriamente a um autismo desnecessário. Se nos ouvirmos e respeitarmos uns aos outros, o andebol será uma modalidade mais forte.